Em 2022, setor gerou aproximadamente cinco mil vagas, com destaque para mobilização de programas da Marinha do Brasil. Modec pretende fechar ano com contratação de 700 profissionais. Brasfels fará recrutamento de engenheiros e trabalhadores da área industrial.
Após um período de crise econômica tanto no Brasil como no restante do mundo, agravada pela pandemia de Covid-19 a partir de 2020, a indústria naval volta a ganhar novos ares, oferecendo oportunidades para o mercado de trabalho. É o caso da Modec, que pretende fechar o ano com a contratação de 700 profissionais. Ao todo são 23 áreas diferentes abertas para profissionais do segmento offshore e 29 onshore, além de vagas para o Programa Jovem Aprendiz para todo o Brasil, com destaque para Macaé (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e Santos (SP), além de outro país, Cingapura.
De acordo com Henrique Toledo, diretor do Departamento de Pessoas da Modec, a disponibilidade de empregos decorre do fato de que, além das 12 unidades em operação no país, a multinacional está comissionando mais três plataformas: o FPSO Almirante Barroso MV32, que está em navegação rumo ao Brasil e tem chegada prevista para outubro, em Angra dos Reis (RJ), e cujo comissionamento será concluído; além do FPSO Anita Garibaldi MV33 e o FPSO Bacalhau, ambos em comissionamento na Ásia.
Algo em torno de 25% de toda a produção nacional de petróleo e gás do país é feita pela frota de 12 embarcações operadas pela multinacional. A companhia opera plataformas para Petrobras, Total (FPSO Cidade de Caraguatatuba MV27) e Shell (FPSO Fluminense), além de estar em fase de construção de uma unidade para a Equinor – o FPSO Bacalhau.
“Com a expansão da nossa frota e atividades no Brasil, a Modec estima contratar mais de 700 pessoas, somente em 2022. Nossas oportunidades são para profissionais em diferentes estágios da carreira e para as áreas mais diversas, tanto onshore quanto offshore. Temos programas específicos para jovens profissionais como programas de estágio e programa de trainees, sendo que o último é voltado a engenheiros recém-formados, bem como oportunidades para profissionais mais experientes”, informou Toledo à Portos e Navios.
Segundo o diretor, todas as vagas de emprego são divulgadas, constantemente, no Portal de Oportunidades. Caso o profissional não encontre algo com seu perfil, neste momento, a recomendação é que ele ou ela cadastre seu currículo mesmo assim. Isso porque, uma vez registrado no site da empresa, o perfil poderá ser consultado e considerado sempre que surgir uma nova oportunidade na empresa.
“A Modec é uma das empresas que mais cresce no segmento de óleo e gás brasileiro. Apenas entre 2021 e 2023, nossas operações no Brasil vão aumentar em 40%. Além disso, temos embarcações com contratos de operação, pelo menos, pelos próximos 20 anos. Isso permite oferecer, aos nossos empregados, uma carreira consistente e duradoura”, disse Toledo, acrescentando que a Modec investe, permanentemente, em seus times para que cresçam profissionalmente e estejam preparados para oportunidades de desenvolvimento profissional dentro e fora do Brasil.
O estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), também está em fase de expansão, a partir da execução de uma série de projetos para o país, incluindo trabalhos na P-78, uma das maiores FPSOs do Brasil, para a Petrobras, de acordo com informações do presidente da empresa, Herman Effendy. “Também estamos executando um trabalho no FPSO Almirante Tamandaré para a SBM. Recentemente também conseguimos obter um contrato para o FPSO P-80, que estará no mesmo nível que as maiores plataformas de produção de petróleo do Brasil”, informou o executivo à Portos e Navios.
Effendy destacou que, atualmente, o Brasfels tem uma equipe com mais de 4 mil funcionários trabalhando nos projetos no estaleiro: “Estamos avançando com base no andamento dos projetos e nos próximos trabalhos. Com o trabalho na P-80, previsto para iniciar no próximo ano no Brasfels, estamos embarcando em uma campanha de recrutamento de funcionários para vários cargos, como engenheiros, funções industriais, entre outros”.
“O Brasfels tem construído uma reputação como um empregador responsável, em Angra dos Reis, desde que iniciamos nossas operações em 2000. Estamos comprometidos com o bem-estar de nossa equipe e com o crescimento da comunidade local”, afirmou Effendy. Os currículos podem ser enviados pelo site.
Cenário poderia ser melhor
Sérgio Bacci, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), destacou que o setor deve fechar 2022 com a geração de 5 mil novos empregos: “Isso decorre mais da contratação para as demandas do Navio de Apoio Antártico (NApAnt) da Marinha do Brasil, no estaleiro Jurong Aracruz (EJA), Espírito Santo; das fragatas no Estaleiro Brasil Sul, em Santa Catarina; e dos submarinos no ICN (Itaguaí Construções Navais), em Itaguaí (RJ)”.
Em relação às oportunidades do setor de petróleo, Bacci disse que têm sido quase zero, pelo fato de que não há nenhuma plataforma sendo construída no Brasil. “O máximo, que vem sendo feito, são módulos no estaleiro EBR em São José do Norte, no Rio Grande do Sul, e no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. Aliás, desde 2016 que não se constrói nenhuma plataforma na área de petróleo e gás no país”.
Na visão de Bacci, se a Petrobras não encomendar nada dentro do Brasil, dificilmente outras operadoras vão fazer o mesmo. “Elas podem alegar que se a Petrobras, que é uma empresa brasileira que faz suas encomendas por aqui, não tem feito isso, por qual motivo fariam o mesmo? Nossa esperança é que haja uma mudança governamental, no ano que vem, para que consigamos fazer com que a Petrobras retome, pelo menos, parte da construção da área de petróleo no país. Estamos conversando sobre isso, até para que outras operadoras se animem em construir por aqui”, disse o vice-presidente executivo do Sinaval.