Petrobras deve retomar encomendas movimentando indústria e serviços no Brasil.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) se soma às entidades que defendem o aumento do nível de conteúdo nacional nas encomendas feitas pela Petrobras, o que possibilita o desenvolvimento da cadeia de fornecedores de bens, serviços e de máquinas e equipamentos no Brasil. A proposta foi encaminhada pela FUP ao presidente Lula e ao presidente da estatal, Jean Paul Prates.
Atualmente, o índice de conteúdo local nas licitações de plataformas da Petrobras é de 25%. Já foi de 40% no passado. “Embora baixo, o percentual não é fácil de ser cumprido em função do modelo de licitação determinado pela empresa nos últimos anos, que, na prática, privilegiou encomendas no exterior”, afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Na semana passada (2), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recebeu o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Naval (Sinaval). O presidente da entidade, Ariovaldo Rocha, entregou ao ministro uma carta com a relação das medidas governamentais necessárias à retomada do setor, listando também os principais obstáculos que dependem de ações do governo Lula.
Haddad mostrou-se preocupado com a situação da indústria brasileira e ressaltou que o Brasil precisa retomar sua plena atividade e recuperar os empregos perdidos nos últimos anos. Na última segunda-feira, no Rio de Janeiro, o presidente Lula garantiu que o governo vai retomar os investimentos na indústria naval e de óleo e gás: “Vamos voltar a construir navios nos estaleiros do Rio de Janeiro e retomar os investimentos na indústria de óleo e gás”, afirmou o presidente.
Levantamentos feitos pelo economista Cloviomar Cararine, do Dieese (subseção FUP), mostram que, para cada R$ 1 bilhão investido pela Petrobras na construção de plataformas são gerados em torno de 26,3 mil empregos diretos e indiretos; e cada 1% de conteúdo nacional na construção offshore equivale à criação de cerca de 3,9 mil empregos.
Pelos cálculos do especialista, na plataforma P-80, que está sendo feita no exterior, caso seja cumprido o índice de 25% de conteúdo local, poderiam ser gerados cerca de 395 mil empregos diretos e indiretos, sendo em torno de 296 mil fora do país e 98 mil no Brasil. Se o índice de conteúdo nacional voltasse a 40%, seriam 156 mil postos de trabalho de qualidade gerados no País.
Bacelar, da FUP, espera que a nova gestão da Petrobras reformule as regras de licitação de plataformas. Segundo ele, “os editais seguem normas de contratos únicos, e como os valores são muito elevados, girando em torno de R$ 15 bilhões por plataforma, alijam empresas nacionais da competição, em favor de conglomerados estrangeiros, com estaleiros principalmente na Ásia”.
Atualmente, está em curso a licitação lançada pela Petrobras em 23 de dezembro do ano passado para a construção de duas plataformas, P-84 e P-85, para os campos de Sépia e Atapu, na Bacia de Santos (SP). O nível de conteúdo local é de 25%, e há uma multa de 200% sobre a diferença do índice que não for cumprido. O edital de licitação segue as regras de contrato único.
O Plano Estratégico (PE) da Petrobras para o período 2023/2027, aprovado ainda na gestão passada, prevê a implantação de 18 plataformas marítimas (FPSOs) nesse período.