Nota do SINAVAL

  • 13/02/2023

Com referencia à coluna “Lula quer o quarto polo naval”, publicada em  O Globo” de 12/02, é importante analisar a conjuntura que permitirá ao Brasil reerguer sua Indústria Naval, gerar empregos e desenvolvimento para o País.

É comum ouvir, dentro e fora do Governo, que o preço do navio no Brasil é mais alto quando comparado com o construído em outros países, em particular China, Japão e Coreia do Sul. Na realidade, quem diz que o preço do navio construído no Brasil é maior está absolutamente correto. Aliás, não só o preço do navio, mas também dos automóveis, dos eletrodomésticos, das peças de vestuário etc. Ou seja, não é um problema localizado na Indústria Naval e, sim, mais um corolário do já tão propagado “custo Brasil”.

Voltar a construir navios é necessário, sim. Temos demanda mais do que suficiente para tal. Apenas para dar um exemplo, o serviço prestado pelos navios aliviadores— os navios que ficam ao lado da plataforma para recolher o que é extraído e trazer para o continente— é totalmente realizado por embarcações estrangeiras. Se, por algum motivo esses navios nos faltarem, causarão profundo impacto na cadeia produtiva da produção de petróleo.

Hoje, graças aos investimentos realizados na Indústria Naval entre os anos de 2004 e 2012, mais de 250 embarcações foram construídas, dentre as quais 26 navios petroleiros e de produtos para a Transpetro. E a navegação de apoio marítimo à produção de petróleo é quase toda realizada por embarcações brasileiras, tripuladas por brasileiros.

No que tange aos investimentos em estaleiros (e não em polos navais) realizados nos primeiros mandatos do Presidente Lula, a coluna está correta ao dizer que, de fato, alguns empreendimentos tiveram problemas relacionados à gestão. Deve-se, entretanto, observar que nenhum dos empreendimentos teve quaisquer envolvimentos com a Justiça e, sim, seus empreendedores, em outros negócios que não a Indústria Naval.

Infelizmente, as pessoas físicas envolvidas em todos os possíveis desmandos ocorridos não foram punidas como foram no Japão, na Coreia do Sul e em Cingapura. A Justiça e a opinião pública, no Brasil, punem as pessoas jurídicas e, consequentemente, a parte mais fraca do sistema, que são os trabalhadores.  O CNPJ não toma decisão: quem toma decisão é o CPF. Ainda assim, CPFs que tomaram decisões erradas estão livres da cadeia e os CNPJs quebraram – e, com eles milhares de postos de trabalho e famílias.

Vamos, sim, empenhar esforços para construir navios no Brasil. A qualquer custo? Não. Estudos de viabilidade de operação e de custos de construção estão sendo feitos por gente competente e experiente. Esses estudos visam assegurar a viabilidade econômica e a soberania nacional, reativando uma indústria importante para o País e evitando que erros do passado sejam repetidos.

Todos os dias são noticiados desmandos em vários setores produtivos em nosso País. A solução é paralisar essas atividades? Não. Puna-se quem errou e mantenham-se os trabalhadores empregados, aliviando  assim as contas do Governo no pagamento de auxílios sociais a quem poderia e deveria estar trabalhando.

13/02/2023|Seção: Notas para a Imprensa, Notícias da Semana|Tags: |