Lançamento do Petroleiro Celso Furtado (foto de Paulo Botelho, Sinaval)

História da indústria naval brasileira é de sucesso

  • 27/04/2023

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados realizou audiência pública nesta terça-feira (25) sobre a indústria naval brasileira. O deputado Jorge Solla (PT-BA), que pediu a audiência, disse que o setor teve seu progresso interrompido após 2014, depois de um período florescente.

O professor Danilo Giroldo, reitor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), destacou que a história da indústria naval é uma história de sucesso; a narrativa de fracasso da indústria naval brasileira é uma narrativa construída. “Nós testemunhamos isso em Rio Grande, município de 200 mil habitantes, extremo sul do RS, ali foram construídas as [plataformas] P-53, P-55, P-58, P-63, P-74, P-66, P-67 e P-68. A única que deu problema foi a da construção dos cascos replicantes, primeiro contrato do mundo a fazer 8 cascos replicantes; era relativamente esperado que esse contrato pudesse ter alguma dificuldade de performance.” Essas plataformas construídas no Rio Grande são responsáveis por 30% do petróleo produzido no Brasil.

Este período foi de 2007 a 2013: a arrecadação municipal triplicou, a renda da população duplicou, o número de beneficiados pelo Bolsa Família caiu pela metade. Chegou-se a quase 25 mil trabalhadores diretos na indústria naval.

“Não se podia contar essa história de sucesso se querendo derrubar o governo. Para se derrubar o governo, se construiu uma história de fracasso”, pontuou o reitor. Após o golpe, logo no início do governo Temer, mudou-se a política de conteúdo local, e a Petrobras, à época comandada por Pedro Parente, mudou sua orientação de construção para afretamento.

Giroldo atacou mitos de falta de competência e produtividade, destacando que estaleiros nacionais alcançaram indicadores superiores aos de construtores coreanos.

Sérgio Leal, secretário-geral do Sinaval (sindicato nacional que representa a indústria naval), deu números ao que destacou o reitor: “Em Pernambuco, saímos do primeiro navio com 176 hH (horas-homem) por tonelada para processar a embarcação, no último navio nós estávamos com 62 hH, número equiparado aos internacionais. Lembrando que essas curvas de aprendizado em alguns países da Ásia levaram até 30 anos.”

Ficou claro que é preciso uma regulamentação mais robusta, que proteja de uma mudança de orientação política e se torne uma política de Estado.

Fonte: Monitor Mercantil – Marcos Oliveira
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