Relatório elaborado pelo Sinaval e entregue ao MPor traz situação atual e sugestões de medidas para recuperação da indústria e criação de políticas para garantir encomendas no país.
O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) apresentou ao Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), esta semana, um relatório com informações sobre a situação atual, perspectivas e as principais sugestões de medidas governamentais para a recuperação desta indústria. O objetivo da agenda em Brasília foi levar ao governo informações técnicas que contribuam com a discussão sobre políticas públicas que estimulem a retomada da construção de ativos navais em estaleiros nacionais.
O estudo, publicado na última sexta-feira (12), traz um resumo histórico da indústria naval e offshore brasileira e as propostas de medidas governamentais necessárias à recuperação das empresas do setor e à retomada da trajetória anterior a 2015, quando a crise se agravou. O levantamento conta com dados relacionados à competitividade da construção naval brasileira em comparação às indústrias de outros países que se destacam nessa atividade, como China e Coreia do Sul.
Os representantes do Sinaval levaram as principais demandas do setor ao ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França e ao secretário nacional de portos e transportes aquaviários da pasta, Fabrizio Pierdomenico. O presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, disse à reportagem que se sente reconfortado ao perceber demonstrações de apoio e boa-vontade que a indústria vem recebendo nos últimos meses, com postura muito diferente da observada de 2015 até o final de 2022.
“O Sinaval tem recebido das autoridades do novo governo sinais muito positivos e animadores, em sintonia com as necessidades e as esperanças de nossa indústria naval e offshore, após vários anos de um tratamento injusto e inadequado por parte dos governos anteriores instalados no país”, comentou Rocha à Portos e Navios.
A expectativa dos estaleiros é que sejam estudadas e debatidas soluções eficazes, permitindo vislumbrar um futuro promissor para a indústria. Rocha acrescentou que o Sinaval acredita na orientação dada pelos órgãos do executivo para o desenvolvimento da atividade, assim como nas deliberações do legislativo e pretende colaborar para mobilização de estaleiros, da cadeia de fornecedores e da mão de obra.
“A necessidade de construção de novas embarcações e plataformas marítimas é conhecida. A demanda existe e esperamos que essas obras fiquem, tanto quanto possível, no Brasil, com índices de conteúdo local mais adequados do que os atuais, para o desenvolvimento de nosso país”, afirmou Rocha.
Dados do Sinaval apontam que o crescimento da indústria naval no Brasil resultou na construção de 605 embarcações até 2016 e na criação de mais de 80.000 empregos diretos e 400.000 indiretos, além da qualificação da mão-de-obra da cadeia produtiva de petróleo e gás e do desenvolvimento da economia dos municípios, onde os estaleiros estão localizados. A partir da crise iniciada entre o final de 2014 e início de 2015, no entanto, o sindicato estima que o setor tenha perdido mais de 60.000 postos de trabalho.