A Petrobras aprovou nesta segunda-feira e divulgou ao mercado na manhã desta terça-feira a estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina, em substituição à política de preço de paridade de importação (PPI), em suas refinarias.
O presidente da estatal, Jean Paul Prates, começa a fazer a histórica modificação da nefasta política de preços imposta no governo Temer e mantida na gestão Bolsonaro. A Petrobras desvincula os valores das commodities internacionais e preços dolarizados.
São avanços, que estão alinhados com as promessas de campanha do presidente Lula. O que é importante destacar, nesse momento, é que não se dá cavalo de pau em um navio. Alguns criticam, achando que dava para se adotar uma mudança mais radical, mas é esse o movimento possível hoje – e, vale reafirmar, é um grande avanço.
A estratégia comercial da Petrobras passa a usar “referências de mercado como: (a) o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação; e (b) o valor marginal para a Petrobras”, explica o comunicado da empresa.
“O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos; já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia, dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”, prossegue a estatal.
Não se justifica a reclamação de que os estrangeiros detentores de ações da Petrobras na Bolsa de Nova York serão prejudicados. A estatal lançou – de forma equivocada – ações na Bolsa norte-americana em 2000, durante o governo FHC, há quase 23 anos, e depois em 2010, no governo Lula. A implantação do PPI ocorreu muito depois, em 2016, após o golpe que levou Temer à Presidência.
É importante que a Petrobras acompanhe os preços que serão praticados no varejo. Sem a BR Distribuidora – vendida de forma absurda no governo Bolsonaro – a estatal não tem um braço na distribuição; dessa forma, uma redução de preços praticada na refinaria poderia não chegar ao consumidor, ou chegar parcialmente, como se observou na última diminuição do valor do diesel feita em abril.
A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), uma das primeiras críticas da PPI, distribuiu nota afirmando que recebe com esperança a informação de que ela foi extinta. Em relação à nova política, destaca que, pela descrição, ainda não é possível ter um juízo sobre a adequação. “Será necessário avaliar como as referências (custo alternativo do cliente e custo de oportunidade da Petrobras) serão utilizadas para determinar os preços ao consumidor brasileiro.”
A mudança foi feita e, agora, é esperar pelos resultados. Da mesma forma, a Petrobras vai alterar outras políticas danosas ao Brasil, como encomendar plataformas de petróleo no exterior, prejudicando empresas e trabalhadores brasileiros. Os frutos virão em forma de desenvolvimento, puxado pela mais importante empresa do País.