Para estaleiro, que tem entregas locais garantidas até 2025, escala de produção é principal fator de competitividade em comparação a concorrentes de mesmo porte em outros países
O Estaleiro Rio Maguari (PA) considera a escala de produção o principal desafio para a exportação de embarcações, no quesito fator de competitividade, em comparação aos principais estaleiros do mesmo porte de outros países. O ERM, especializado em embarcações fluviais, mira ampliar sua atuação no mercado internacional da construção naval, apostando na alta capacidade de produção, em preços competitivos e em uma localização geográfica favorável para atendimento ao mercado internacional.
Atualmente, o ERM tem em construção rebocadores portuários, ATBs (comboio oceânicos articulados), empurradores e balsas fluviais com entregas até 2025. “Com os contratos em andamento com empresas estrangeiras que operam no Brasil, estamos trabalhando para vencer os principais desafios para a exportação de embarcações”, disse à Portos e Navios o diretor comercial do Estaleiro Rio Maguari, Fabio Vasconcellos, que também é vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval).
Vasconcellos destacou que o Sinaval entregou ao atual governo um diagnóstico completo do setor e com as principais sugestões para a retomada da indústria naval nacional. Os principais temas da agenda são a política de conteúdo local, as formas de contratação para abertura de oportunidades para as empresas brasileiras, a previsibilidade nas demandas da Petrobras e da Marinha do Brasil, a criação de um instrumento semelhante ao FGCN (Fundo Garantidor para a Construção Naval), além da proteção de bandeira.
Na visão do Sinaval, o Pará tem potencial para se consolidar como um dos maiores entrepostos graneleiros do mundo, trazendo benefícios diretos aos produtores de grãos e aumentando significativamente a demanda por embarcações nas hidrovias da região Norte. Entre as principais demandas da construção naval fluvial identificadas pelo sindicato está a implantação da Ferrogrão entre Sinop (MT) e Miritituba (PA). De acordo com o relatório do Sinaval, a previsão de demanda após a concessão da ferrovia é de 2.000 balsas e 100 empurradores em 10 anos. Na construção naval local, a estimativa é que serão gerados 1.500 empregos diretos e 6.000 indiretos.
O documento aponta ainda a necessidade celeridade na efetivação do derrocamento do Pedral do Lourenço em Itupiranga (PA). A previsão de demanda após o início das obras do derrocamento é de 300 balsas e 80 empurradores ao longo de 10 anos. O Sinaval estima a geração de 1.000 empregos diretos e 4.000 indiretos na construção naval local a partir desta obra.
Vasconcellos avalia que, de maneira geral, as maiores dificuldades foram apontadas nas principais demandas apresentadas, porém cada tipo de estaleiro e cada região onde se encontram tem suas características peculiares que dizem respeito à demanda, dificuldades logísticas, custos e infraestrutura local. Ele observa que o tema principal e que vem sendo acompanhado com preocupação é a questão do licenciamento ambiental para a exploração de petróleo na margem equatorial (foz do Rio Amazonas). Ele disse que é uma discussão sobre uma atividade no mesmo campo onde está sendo explorado petróleo nas Guianas e no Suriname e que abrirá nova fronteira para o Brasil, com a geração de centenas de milhares de empregos na cadeia de petróleo e gás.
O diretor acrescentou que a presença do ERM nos eventos nacionais e internacionais faz parte da estratégia de expansão no mercado. Vasconcellos destacou a participação na Navalshore 2023, em agosto, e as recentes presenças na OTC — Offshore Technology Conference (foto), em Houston (EUA), e na Navegistic. Na Navalshore, promovido pela Portos e Navios, o Rio Maguari estará também presente com um estande. “Estes eventos possibilitam um relacionamento mais próximo com os principais tomadores de decisão do setor e a ampliação da divulgação institucional do estaleiro”, afirmou.