Entregas marcam transição rumo ao Submarino Nuclear Convencionalmente Armado.
A Marinha do Brasil (MB) realizou, no dia 26 de novembro (quarta-feira), no Complexo Naval de Itaguaí, Rio de Janeiro, a cerimônia “Prosub25”, que reuniu dois marcos do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub): a mostra de armamento do Submarino “Tonelero” (S42) e o batismo e lançamento ao mar do Submarino “Almirante Karam” (S43). Os atos simbolizam a conclusão do ciclo de construção dos submarinos convencionais e inauguram a transição para o desenvolvimento e a construção do Submarino Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA) “Álvaro Alberto”, considerada a etapa mais complexa do Programa. O evento contou com a presença do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, do ministro de Estado chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Marcos Antonio Amaro dos Santos, e do comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, além de membros do almirantado. Também participaram embaixadores, autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, representantes de Marinhas estrangeiras, executivos da indústria de defesa, integrantes da comunidade científica.

No Complexo Naval de Itaguaí — que abriga uma moderna e ampla infraestrutura de construção, manutenção e apoio a submarinos e outros meios navais —, tropas, embarcações e colaboradores do Prosub compuseram mais um cenário emblemático da história da Força Naval, em uma área que, nos últimos anos, já testemunhou outros marcos da construção de modernos submarinos.
De acordo com o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, a entrega é resultado de muito esforço, planejamento, competência e dedicação dos profissionais da Marinha e da parceria entre o Brasil e nações amigas, entre as empresas brasileiras e suas parceiras internacionais, além de engenheiros, projetistas, trabalhadores do setor naval.

—A entrega do Submarino ‘Tonelero’, bem como o lançamento ao mar do Submarino ‘Almirante Karam’, respectivamente o terceiro e o quarto da Classe ‘Riachuelo’, são ações concretas, que mostram a nossa inquestionável determinação em dotar o Brasil da mais adequada capacidade de defesa de nossas águas e de nossa soberania. A Amazônia Azul é uma das mais desafiadoras regiões para nossa defesa. Estamos atentos e atuantes na sua integridade e na soberania brasileira — afirmou. Incorporação do Submarino “Tonelero” ao setor operativo. A cerimônia teve início com a mostra de armamento do Submarino “Tonelero”. Projetado pela francesa Naval Group e construído no País pela Itaguaí Construções Navais (ICN), o S42 passa a integrar a Força de Submarinos após a conclusão dos testes de aceitação no mar, etapa que marcou o término de seu processo construtivo.
Segundo o diretor-presidente da ICN, Pierre Edouard Gille, as entregas de hoje são o resultado de um programa de transferência de tecnologia entre nações que habilitou o Brasil a construir submarinos de alta tecnologia.
— Esse aprendizado nos mostra que podemos, junto com a Marinha do Brasil, nossos parceiros, potencializar ainda mais nosso alcance, além de trazer empregos e destaque para o Brasil no contexto geopolítico mundial. Estamos certos de que, com a Marinha do Brasil e somadas a nossa sólida trajetória de preparação e a nossa capacidade técnica, estamos prontos para mais esse desafio que é a construção do submarino de propulsão nuclear ‘Álvaro Alberto — lembrou.
Na mostra de armamento do Submarino “Tonelero”, os procedimentos tiveram início com o arriamento da bandeira da ICN e o desembarque simbólico dos colaboradores da empresa, responsáveis pela construção. Em seguida, os tripulantes embarcaram para guarnecer o Submarino. O cerimonial à Bandeira foi executado a bordo e o ato de incorporação foi lido e assinado, formalizando a prontificação do meio. Para o comandante da Marinha, —para além dos quatro submarinos e do primeiro submarino de propulsão nuclear, sendo um irrenunciável ativo de defesa, em Itaguaí ergueu-se robusta estrutura industrial aparelhada com equipamentos modernos e capital humano de diligente qualificação substanciais a operação, manutenção de sistemas navais no estado da arte—.
— Em estreita consonância com o Programa Nuclear da Marinha, o Prosub consubstancia o progresso de tecnologias de aplicação dual que transpassam a fronteira do conhecimento. Desdobramentos traduzem-se na produção de combustível nuclear destinado a geração de energia e a produção naval, desenvolvimento de reator capaz de gerar energia elétrica suficiente para abastecer cidades e evolução do reator multipropósito brasileiro que outorgará ao País autonomia plena na produção de radioisótopos destinados à fabricação de radiofármacos, ampliando o alcance do Sistema Único de Saúde— ressaltou.

Batismo celebra legado do almirante Alfredo Karam. Na sequência, teve início o batismo e lançamento ao mar do Submarino “Almirante Karam”, quarto submarino convencional construído no âmbito do Prosub. O ato homenageou o almirante de esquadra Alfredo Karam, veterano da Segunda Guerra Mundial e ex-ministro da Marinha, cujo boné de serviço foi colocado no palco como símbolo da tradição naval. Um vídeo apresentou a trajetória do almirante Alfredo Karam, destacando momentos marcantes de sua vida e carreira. A madrinha do Submarino, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, realizou o batismo, seguindo o ritual tradicional da quebra da garrafa contra o casco.
O comandante do Submarino “Almirante Karam”, capitão de Corveta Leandro Amaral, ressaltou o orgulho de liderar a tripulação desse meio, que, além de suas capacidades avançadas, homenageia um dos maiores Submarinistas da história da Marinha do Brasil. —É, não apenas, uma honra pessoal e profissional, mas também um compromisso direto com a tradição, liderança e a excelência deixadas pelo almirante Karam, cuja contribuição marcou profundamente a Força de Submarinos— disse. O comandante Leandro Amaral explicou, ainda, que o lema do Submarino “Aço que protege; glória que permanece” traduz essa ligação. —O aço representa a robustez do meio e seu papel essencial na proteção da Amazônia Azul, área marítima estratégica para a soberania nacional. Já a ‘glória que permanece’ remete ao legado do almirante Karam e à trajetória de grandes líderes navais, como o marquês de Tamandaré, que simbolizam a continuidade da missão da Marinha de defender os interesses nacionais com coragem, profissionalismo e senso do dever. Essa herança histórica continua inspirando gerações de submarinistas e orientando o trabalho da Força—.
Ao falar das capacidades operacionais, o comandante informou que o Submarino “Almirante Karam” é um meio naval de grande valor para a proteção dos espaços marítimos de interesse nacional. Segundo ele, “o Submarino se vale de características peculiares, como a ocultação e a discrição, que colaboram diretamente para a tarefa de negar o uso do mar, contribuindo para a dissuasão. Seu armamento, composto por torpedos, mísseis e minas, permite causar danos relevantes a forças navais adversárias. Além disso, o meio pode realizar operações de minagem, esclarecimento e o emprego de equipes de operações especiais, incluindo infiltração e extração em áreas sensíveis”. Após o lançamento ao mar, o Submarino “Almirante Karam” realizará uma nova sequência de testes. Nessa fase, ele será submetido a provas de imersão, navegação na superfície e imersão a grande profundidade, além dos testes de desempenho dos principais sistemas e do emprego de armas. Ao final desse processo, estará plenamente apto a cumprir missões com discrição, precisão e efetividade, reforçando a defesa nacional. Após as homenagens, o ministro da Defesa, o Comandante da Marinha e a madrinha acionaram remotamente o elevador de navios, que deslocou o Submarino “Almirante Karam” até o nível do mar. A descida marcou a entrada do Submarino na fase de testes de aceitação no mar, etapa fundamental antes da futura incorporação ao setor operativo da MB.

Com três submarinos já incorporados — “Riachuelo”, “Humaitá” e, agora, o “Tonelero” —, e com o quarto já lançado ao mar, cuja entrega ao setor operativo da Marinha está prevista para 2026, o Prosub avança em direção à fase mais importante do Programa: a construção do Submarino Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA) “Álvaro Alberto”. Para o diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, almirante de esquadra Alexandre Rabello de Faria, o Prosub marca um avanço histórico na capacidade científica, tecnológica e industrial do País. Ele destaca que o Programa representa “um incremento sem precedentes nas capacidades inerentes ao Poder Naval brasileiro. O almirante também recordou episódios da história marítima brasileira, quando ataques a navios mercantes brasileiros durante os conflitos mundiais evidenciaram a dependência do País de suas Linhas de Comunicação Marítimas e a consequente vulnerabilidade no mar. —Se alguém quiser inviabilizar o Brasil, vai fazê-lo pelo mar. Então, é no mar que precisamos ser fortes, para desencorajar provocações contra os nossos interesses e a nossa soberania— afirmou. A incorporação de novos submarinos incrementa, no contexto da defesa naval, o poder de combate da Marinha do Brasil. Essas embarcações reforçam a capacidade de dissuasão da Instituição e também funcionam como instrumento de apoio à política externa do País. Entre suas aplicações, destacam-se o patrulhamento das águas jurisdicionais brasileiras, que formam a Amazônia Azul, e a atuação em áreas marítimas de interesse no Atlântico Sul, contribuindo para a presença e a projeção do Poder Naval no entorno estratégico brasileiro. Em decorrência da transferência de tecnologia proporcionada pelo Prosub, o Brasil avança de forma significativa na capacidade de projetar, construir, operar e manter submarinos, incluindo aqueles dotados de sistemas de propulsão nuclear. O efeito de arraste tecnológico gerado pelo desenvolvimento e aprimoramento das tecnologias embarcadas nesses meios estimula não apenas o setor de defesa, mas também áreas civis ligadas à ciência, tecnologia e inovação. Em uma perspectiva de longo prazo, o País poderá reduzir sua dependência de soluções externas em projetos estratégicos e até mesmo criar oportunidades para a exportação dessas tecnologias.




