A atual situação dos estaleiros de grande e médio porte tem dado ao setor a perspectiva de redução cada vez maior do número de encomendas. Sem novas contratações previstas a partir do ano que vem, grande parte deles está voltada para manutenção de embarcações e uso das instalações como base de apoio logístico e offshore. Um levantamento do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) aponta que 12 de seus 28 estaleiros associados não estão operando.
O Estaleiro Atlântico Sul (PE), que tem quatro navios em carteira, deve entregar o último da série de cinco petroleiros Aframax encomendados pela Transpetro em meados de 2019. O Vard Promar (PE) está com um gaseiro em construção e a construção de um PLSV para DOFCON, joint-venture entre a DOF e a Technip.
O BrasFels (RJ), que está finalizando a integração da P-69, pode ficar sem novos projetos após a entrega da plataforma. O Estaleiro Jurong Aracruz (EJA) realiza a integração dos módulos da P-68. O Mauá (RJ) segue com reparos de pequenas embarcações e tem seu cais e carreira ocupados por casco de navios da Transpetro que tiveram contratos cancelados.
O QGI e o EBR, ambos no Rio Grande do Sul, estão sem atividades. Os estaleiros Rio Grande (ERG), também no Rio Grande do Sul, e Eisa (RJ) seguem em processo de recuperação judicial. Enquanto não fecham novos negócios, estaleiros como Enseada (BA) e Brasa (RJ) estão oferecendo as instalações como base de apoio, já que possuem autorizações de terminais de uso privado.
No grupo de estaleiros voltados para embarcações de médio porte, estão sem atividades de construção naval estaleiros como: Arpoador (SP), ETP (RJ), Naproservice (RJ), Rionave (RJ) e Sermetal (RJ). Outros como Aliança (RJ), do Grupo CBO, e a Wilson Sons (SP) fazem manutenções de embarcações de seus grupos controladores. Estas duas últimas empresas ainda possuem embarcações em suas carteiras de construção. Em Santa Catarina, o Intecnial foi outra empresa do setor a entrar em recuperação judicial.
Entre os estaleiros militares, a Itaguaí Construções Navais (ICN) está construindo cinco submarinos, sendo quatro convencionais (propulsão diesel-elétrica) e um de populsão nuclear. O Arsenal de Marinha (RJ) realiza a manutenção e reparos de navios da própria força naval. Os números constam agenda do Sinaval para as eleições deste ano, cujo documento será entregue aos candidatos que concorrerão à presidência da república. (Clique aqui para conferir as propostas na íntegra)
Nos bastidores, o Sinaval tenta novos incentivos para que os estaleiros consigam oportunidades de negócios o quanto antes. “Vamos ver essa indústria reduzida a quase nada se não houver mudanças de rumo”, disse o vice-presidente executivo do Sinaval, Ivan Fonseca, durante painel na Rio International Defense Exhibition (Ridex 2018), nesta sexta-feira (29), no Rio de Janeiro.
Na ocasião, ele acrescentou que a construção naval brasileira não conseguirá ser competitiva em termos de preços se o governo não mudar seu sistema tributário. Fonseca defendeu que sejam adotados índices de conteúdo local que de fato deem condições para construção de novas unidades de produção de petróleo no Brasil.