O estaleiro Rio Maguari quer expandir sua influência no mercado de fornecimento de rebocadores para apoio portuário. Por isso, fechou recentemente uma parceria com a companhia canadense Robert Allan para a construção deste tipo de embarcação. “Já existem conversas em andamento com dois players. São conversas bem concretas. E esperamos que nos próximos meses possamos anunciar o primeiro contrato dessa parceria”, afirmou o diretor comercial do Rio Maguari, Fábio Vasconcellos. Para 2018, a perspectiva é de entregar um total de 60 embarcações e, com a retomada do setor de óleo e gás, o executivo explica que o estaleiro pretende também conquistar negócios dentro deste segmento. O foco dos negócios será o Brasil, mas Vasconcellos detalha que países vizinhos como Chile e Colômbia também estão no radar.
Poderia detalhar um pouco mais da parceria com a empresa Robert Allan?
A parceria surgiu em função de projetos de construção que estamos desenvolvendo no estaleiro de empurradores, projetados pela Robert Allan. A partir da nossa performance nessas embarcações, com cumprimento de prazo, entrega e qualidade, eles nos convidaram para sermos um dos estaleiros parceiros na América do Sul para construção de rebocadores de apoio portuário. É uma parceria não-exclusiva. Neste sentido, estamos no mercado para conversar com os players de apoio portuário para construir rebocadores, preferencialmente com projetos da Robert Allan.
Já existem novos contratos oriundos desta nova parceria?
Já existem conversas em andamento com dois players. São conversas bem concretas. E esperamos que nos próximos meses possamos anunciar o primeiro contrato dessa parceria.
O Brasil será o foco de novos negócios para o estaleiro?
A princípio, o Brasil é o principal foco. Mas temos preços competitivos para fornecimento de rebocadores de apoio portuário para a América Latina. Países como Colômbia, Peru, Chile e também o Caribe. Esses países que nos circundam são nosso alvo, além dos players brasileiros.
E quanto ao setor de óleo e gás? Quais são os planos?
O mercado de óleo e gás sempre desperta o interesse da construção naval, obviamente. Não pode ser diferente aqui no Brasil, que é muito forte nesta indústria. Somos um estaleiro de porte médio, então as embarcações que podemos construir para este setor são também de porte médio. Agora, com a retomada da indústria de óleo e gás, pretendemos estar nesse mercado, participando de alguma forma.
A empresa deve entregar quantas embarcações neste ano?
Nos últimos cinco anos, nós entregamos cerca de 350 embarcações. Para este ano, a perspectiva é de entregar pelo menos 60, entre barcaças e empurradores. A perspectiva para 2019 é positiva.
O estaleiro também tem atuação forte no setor fluvial. Como anda o ambiente de negócios nesta área?
O Rio Maguari é um dos líderes da construção naval de embarcações fluviais, especialmente na região Norte. A empresa tem uma característica de ser pouco dependente da indústria de óleo e gás, na contramão do que é a indústria naval brasileira. A construção naval fluvial de maneira geral tem menor dependência da indústria de óleo e gás, o que é positivo. Nós temos construído muitos comboios fluviais para o agronegócio e, hoje em dia, é um motor de crescimento do Brasil. Esperamos que com a perspectiva desse crescimento permanente do agronegócio, nós continuemos [a atuar nesse setor]. Esperamos que o governo não atrapalhe com tabela de frete ou novas regulamentações.
Quais outros entraves o senhor enxerga hoje no país que podem atrapalhar os negócios?
Acho que essas questões de concessões no setor de infraestrutura precisam ser melhoradas. O transporte hidroviário e a construção naval fazem parte de uma matriz de transporte da infraestrutura do Brasil. Então, são investimentos interdependentes. Quando o governo não tem dinheiro para investir, precisa intensificar as parcerias público-privadas e as concessões. É preciso renovar as concessões ferroviárias e seguir em frente com as concessões rodoviárias. É preciso também seguir com a desregulamentação portuária. O Decreto dos Portos veio, neste sentido, para modernizar a legislação portuária brasileira.
A imprensa só dá destaque para eventual fraude na elaboração do decreto e foca muito nisso. Mas esquece de dizer que todo o setor de infraestrutura portuária e o setor logístico em geral apoiam o decreto. Se houve algo de errado, é preciso ser investigado, mas não devemos voltar atrás em itens do decreto. Ele está em linha com tudo que há de mais moderno no funcionamento portuário no mundo inteiro. Ele beneficiou todo o setor portuário brasileiro. Precisamos aprofundar os benefícios do decreto e pensarmos fora da caixa na questão da concessão hidroviária. Neste sentido, a Colômbia fez uma parceria público-privada para a concessão do rio Madela para a iniciativa privada, que vai demandar milhões de dólares em investimento. Por que não podemos fazer isso também no Brasil?