Foi confirmado para a próxima sexta-feira (24) o leilão internacional, organizado pelo Leiloeiro João Emílio, de três Plataformas da Petrobrás, P-7, P-12 e P-15, para serem descomissionadas. No Brasil, encontram-se em operação 160 unidades offshore onde, de acordo com a ANP, cerca de 42% está operando há mais de 25 anos. Existem 74 plataformas fixas programadas para descomissionamento, sendo que entre 15 e 20 destas estão com aviso à ANP de que serão descomissionadas a partir de 2021. O mercado de descomissionamento deverá ter significativo crescimento a partir da desativação de plataformas fixas localizadas na Bacia de Campos, a partir do ano que vem. Um estudo efetuado pela COPPE/UFRJ sugere que o país necessitará descomissionar 60 instalações offshore e cerca de 165 poços entre os 3 e 5 próximos anos.
Ronald Carreteiro coordena na SOBENA um Comitê Técnico sobre o Desmantelamento de Navios e Descomissionamento de Plataformas, que objetiva debater tecnologias e boas práticas, e vem realizando workshops e webinares sobre estes temas. No mundo, desmantela-se cerca de 700/900 embarcações por ano, sendo 50% de médio a grande porte, e 55% dos casos estas atividades ocorrem ainda no eixo Índia, Paquistão, Turquia e Bangladesh. Porém, tudo é feito de forma inadequada, sem respeito à responsabilidade social e ao meio ambiente. Mas este quadro está se alterando rapidamente em face das exigências da União Europeia e das Normas da IMO, entre outros Acordos e Convenções Internacionais Iniciou-se no país o mapeamento das competências, habilidades e expertises inerentes e necessárias para a implantação no Brasil destas novas atividades, que trarão geração de empregos e renda.
Com as plataformas Fixas, com subestrutura de aço, existe algumas opções para o descomissionamento:
- Remoção Completa;
- Remoção Parcial;
- Tombamento no Local;
- Reutilização, e
- Deixar no Local para Utilizações Alternativas.
A Remoção Total das subestruturas de aço apresenta várias vantagens, como o retorno às condições originais e naturais do local, praticamente elimina riscos à atividade pesqueira, atende regulações nacionais e internacionais, e permite a reciclagem dos materiais.
No processo de Remoção Parcial, o primeiro estágio é o corte da estrutura de aço, deixando uma parte em contato com o ambiente marinho. Porém, o corte é bem mais simples e não é necessária a utilização de explosivos. Já a transformação de Plataformas Fixas em Recifes Artificiais, é uma opção a ser estudada, pois apresenta potencial para a pesca e o ecoturismo, porem exigirá um acompanhamento ambiental uma vez que o ambiente marinho não deve se tornar um depositário de sucatas.
Outra preocupação é que a extração e produção de petróleo pode gerar o acumulo de material radioativo de ocorrência natural, como Radio, Boro, Estrôncio, Pb-210, e outros. A atividade de descomissionamento deve ser planejada bem antes de se alcançar o período de Término da Produção.
Já existem classificadoras internacionais visitando estaleiros interessados e aprovando aqueles que estejam em conformidade com os regramentos da Comunidade Europeia. Vários são os novos players, abrindo espaço para estaleiros brasileiros e para a cadeia produtiva deste segmento. No Brasil, a estimativa é que cerca de 100 navios de vários portes e estruturas flutuantes estariam aptos para o desmantelamento e outros 60 estariam fora de seu ciclo nos próximos três a cinco anos, entre supply boats, porta-containers, petroleiros, balsas, rebocadores, plataformas etc.
Neste cenário, a SOBENA tomou a iniciativa de trazer o Diretor da Comunidade Europeia para participar de um dos Workshops, visitar Estaleiros e a Marinha. O Comitê Técnico SOBENA, composto de representantes da indústria, de fornecedores de serviços especializados, de especialistas, ANP, Marinha e IBAMA, preparou uma minuta de regulamento da atividade de Reciclagem de Navios e Estruturas Flutuantes, que será entregue para autoridades federais e estaduais.