Associação destacou êxito de projetos de FPSOs no Brasil com a SBM, no estaleiro Brasa (RJ), e a conclusão da FPSO P-76 (foto), na Techint, com preço mais baixo e com conteúdo local acima do exigido. Para conselho de O&G da entidade, itens submersos de exploração e produção atraíram uma grande quantidade de empresas para o Brasil.
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) observa que o segmento subsea é um exemplo de conteúdo local que deu certo. O diretor-executivo do conselho de óleo e gás da associação, Alberto Machado, citou que os itens submersos de exploração e produção atraíram uma grande quantidade de empresas para o Brasil. São fornecedores de equipamentos como umbilicais, linhas flexíveis, árvores de natal molhadas, manifolds submarinos e risers. O entendimento é que houve sucesso no desenvolvimento de conteúdo local nesse nicho porque esses itens estavam no primeiro elo da cadeia, por serem atingidos pelo Repetro (regime aduaneiro especial) e porque as empresas tinham relacionamento direto com as operadoras, principalmente, a Petrobras.
“Esses itens vieram para o Brasil por conta do conteúdo local, pois foi exigido que eles tivessem fábrica por aqui”, disse Machado, nesta terça-feira (4), durante o workshop sobre conteúdo local da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Ele acrescentou dois projetos exitosos de FPSOs: da SBM, no estaleiro Brasa (RJ), e a conclusão da FPSO P-76, no Brasil (Techint), com preço mais baixo e com conteúdo local acima do exigido.
O diretor da Abimaq lembrou que a ANP inseriu cláusulas exigindo o convite à participação da indústria nacional desde a rodada zero. Ele ponderou que as cláusulas não deram certo pela ausência de consequências. “Como a cláusula está, sem consequência, acaba não gerando resultado, haja visto que tivemos vários pedidos de waiver (isenção) no passado que não comprovaram que a cadeia de valor foi convidada”, disse. Machado citou o caso de Libra, em que a indústria nacional foi considerada incapaz de atender, mas não foi nem mesmo convidada.
A Abimaq observa condições diferentes entre a indústria nacional e empresa internacional que, muitas vezes, vence o certame e não se sabe como foi feita a habilitação técnica. Machado explica que, muitas vezes, a fiscalização, o acompanhamento e a inspeção são feitos de forma diferente no Brasil, o que ocasiona mais pontuação (gold points) do que aquelas que acontecem no exterior. É comum a habilitação técnica no exterior se dar mais pela função, enquanto, no Brasil, ela acaba sendo pela especificação técnica. “São vários pontos que não são atendidos na proposta internacional e são cobrados na proposta brasileira. Isso gera falta de isonomia, encarece e tira nossa competitividade”, disse Machado.
A associação também identifica que as condições diferentes de entrega (FCA) dão vantagem ao fornecedor internacional, que ganha tempo de viagem. Além disso, a assimetria de moedas encarece os custos, já que a empresa estrangeira cota em dólar e a nacional em reais, precisando fazer o hedge cambial da parte em dólar. Outro ponto de preocupação da cadeia de fornecedores nacionais foram as mudanças nas condições da Petrobras, que estabeleceram 90 dias para o pagamento da indústria local.