Evento na Argentina debateu perspectivas para indústria naval brasileira

  • 17/11/2022

Sinaval apresentou demandas de estímulo à atividade que estão sendo sugeridas a membros da equipe de transição do governo Lula, como renovação da frota de apoio. Painelistas também discutiram acordo bilateral de cabotagem e oportunidades de integração regional

A indústria naval brasileira foi um dos temas do ‘Encuentro Internacional de la Industria Naval’ (eiNaval 2022), que acontece esta semana em Mar del Plata, na Argentina. Em um dos painéis, o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Sérgio Bacci falou das perspectivas da indústria naval no Brasil no próximo quadriênio e sobre as perspectivas do setor com o novo mandato presidencial, a partir de 1º de janeiro de 2023.

 

“Há muita esperança por parte dos argentinos de que o novo governo [Luiz Inácio Lula da Silva] possa ajudar na relação com o Mercosul e isso envolve, inclusive, a indústria naval argentina”, comentou Bacci (foto), em entrevista à Portos e Navios. Ele destacou que o evento, que conta com representantes do setor da região e de outros países, tem perspectivas positivas para a indústria naval na América do Sul.

Outro tema de destaque da pauta entre Brasil e Argentina é o desejo de voltar a dialogar pela retomada do acordo bilateral de transporte marítimo entre os dois países, que expirou em fevereiro deste ano, após decisão do governo brasileiro de não renovar o termo. Esta semana, Portos e Navios noticiou que empresas brasileiras de navegação (EBNs) veem a possibilidade de rediscutir a prorrogação do acordo após a posse do novo governo.

“Um dos pontos expostos que, se possível, levaremos ao governo [de transição] é o acordo de transporte de cabotagem no Mercosul, denunciado no começo do ano. Se houver a oportunidade de falar com o [futuro] governo, vamos colocar essa demanda”, disse o vice-presidente executivo do Sinaval, que representa alguns dos principais estaleiros do país.

Transição
Bacci também contou que o Sinaval vem conversando com alguns nomes dos grupos de infraestrutura e de energia do governo de transição sobre a importância de discutir estímulos para a retomada da indústria naval. Outro tema que vem sendo sugerido, segundo o vice-presidente executivo do Sinaval, é a retomada do programa de renovação da frota de apoio marítimo na Petrobras, nos moldes do antigo Prorefam.

Após a eleição de Lula, o Sinaval manifestou que o resultado das eleições presidenciais traz uma oportunidade para reaquecer as atividades e as contratações do setor. Na ocasião, o sindicato, que representa 42 dos principais estaleiros do país, se colocou à disposição do futuro governo para colaborar pela criação de novos empregos no país e pela retomada da indústria naval a partir de 2023.

Propostas
Em julho, o Sinaval apresentou a edição 2022 da agenda com propostas para o fomento setorial e aumento de competitividade, encaminhada aos candidatos à presidência a cada quatro anos. O Sinaval destacou que, entre 2000 e 2013, a política de conteúdo local, as novas encomendas da Petrobras e o aumento da produção offshore fizeram com que o setor avançasse, em média, 19,5% ao ano, de acordo com dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).

O levantamento do Sinaval contabilizou que o crescimento da atividade resultou na construção de 605 embarcações até 2016 e na criação de mais de 80.000 empregos diretos e 400.000 indiretos, além da qualificação da mão de obra da cadeia produtiva de petróleo e gás e do desenvolvimento da economia dos municípios, onde os estaleiros estão localizados. A partir da crise iniciada entre o final de 2014 e início de 2015, o setor perdeu mais de 60.000 postos de trabalho.

Em resposta aos questionamentos da Portos e Navios em setembro, a campanha de Lula destacou que ele pretende retomar a política de conteúdo nacional com objetivo de viabilizar expansão da cadeia de fornecedores. A entrevista fez parte de uma série que contou com três candidatos à Presidência da República (Ciro Gomes-PDT e Simone Tebet-MDB também participaram) dentre os quatro mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais — a candidatura do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), não respondeu aos questionamentos.

Na entrevista, a campanha de Lula adiantou que a revisão da legislação de fomento à indústria naval é uma das metas para o terceiro governo de Lula, com objetivo de incentivar encomendas de novas embarcações aos estaleiros nacionais. Lula também vê espaço para atividades além construção de navios e plataformas — como para energia eólica offshore —, além de desmontes e desmantelamentos de embarcações e estruturas flutuantes.

Fonte: Portos e Navios – Danilo Oliveira
17/11/2022|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , |