Estaleiro EAS (PE)

Estratégias elevaram patamar do EAS, diz Brisolla

  • 26/08/2024

CEO avalia que estaleiro fez ‘dever de casa’ nos últimos anos, com olhar diversificado e com serviços especializados, mantendo ativo em boas condições para momento de retomada da construção naval

O Estaleiro Atlântico Sul (PE) considera que as estratégias adotadas nos últimos anos contribuíram para elevar o patamar dos serviços do estaleiro e atingiram o objetivo de manter o ativo em boas condições para esperar o movimento de volta do mercado da construção naval. A avaliação do EAS é que o portfólio na área de reparo e a fabricação de estruturas metálicas de grande porte permitiram ao estaleiro manter geração de caixa suficiente para cobrir despesas, pagar e renegociar dívidas, com a permanência de pessoal qualificado e com o estaleiro em funcionamento.

Nos últimos meses, o setor está com dois editais relevantes na rua, após uma década sem perspectivas: um da Petrobras para construção de 12 embarcações de apoio marítimo e outro da Transpetro para quatro navios classe Handy. “Nosso movimento é olhar atentamente para o que está na mesa e nos beneficiarmos do ‘dever de casa’ que fizemos para escolher a melhor estratégia”, comentou o CEO do EAS, Roberto Brisolla (foto), em entrevista à Portos e Navios, na última terça-feira (20), durante a Navalshore.

Brisolla contou que, enquanto segue atuando forte com os reparos, o EAS está estudando o edital da Transpetro e mantendo conversas com alguns armadores de apoio offshore, que não são verticalizados no Brasil, e que são potenciais interessados em ter um parceiro construtor para o caso de êxito na concorrência da Petrobras. O executivo acredita que a previsibilidade é fundamental para a viabilidade dos projetos. “Estamos vendo o mercado se desenhando um pouco melhor. Ainda falta um pouco mais de previsibilidade para atrair investimento para colocar o estaleiro 100% operando. É preciso visão de longo prazo”, disse Brisolla.

No reparo, o EAS conseguiu capturar uma demanda grande de embarcações, com destaque para navios acima de 150 metros de comprimento que, muitas vezes, acabam docando em países como Portugal, Turquia e Panamá. Em 2023, o EAS fez 21 projetos de reparo, inclusive com docagens duplas, com dois navios de diferentes armadores simultaneamente, além de serviços em embarcações no cais. O portfólio abrange desde a instalação de sistemas de água de lastro para algumas embarcações à instalação de equipamentos em PLSVs (lançamento de linhas). “Ano passado batemos recorde em quantidade e em serviços especializados, colocando o estaleiro em um patamar mais alto de reparo naval”, afirmou Brisolla.

Desde o último ano, o Atlântico Sul também optou pela recuperação e reativação de sua fábrica para fazer a manutenção de seus equipamentos, impedindo um processo de deterioração de equipamentos que costuma ser rápido em estaleiros que permanecem parados por muito tempo. A instalação conta com 130 mil metros quadrados (m²), pontes rolantes de até 150 toneladas e 10 máquinas de corte. Nesse sentido, os projetos de estruturas metálicas maiores são importantes para custear o recondicionamento desses equipamentos.

Para Brisolla, a diversificação de atividades levou o EAS a estudar uma série de alternativas, desde descomissionamento e fabricação de estruturas para energia renovável a outras estruturas subsea. Segundo o executivo, essa busca contribuiu com a capacitação, mensuração de riscos e avaliações estratégicas, olhando para onde é melhor para o estaleiro seguir. “O estaleiro fez o dever de caso para se manter preparado para demandas do tamanho que ele é capaz de absorver. Fizemos o possível, sem capacidade de investimento novo, mas com a própria operação e estamos tendo sucesso, o que permite avaliar o que está na mesa”, analisou.

O CEO revelou que o EAS recebeu, em 2023, consultas preliminares de empresas de construção de plataformas para fazer módulos, assim como consultas de empresas privadas para navios e consultas para fabricação de balsas. “Tem uma movimentação de mercado acontecendo e isso já começou a bater na nossa porta. Estar com a roda girando nos deu capacidade”, celebrou.

As atividades de operação de reparo e fabricação de estruturas metálicas também ajudaram a requalificar soldadores da região, assim como a manutenção das equipes e melhorias em sistemas de gestão de segurança, de qualidade, de meio ambiente, de saúde e de compliance e integridade. A empresa também implementou no ano passado uma área de compliance, a fim de atender requisitos e visando certificações.

Brisolla comentou que a recuperação judicial vem sendo superada gradativamente, à medida em que o estaleiro cumpre todas suas obrigações, como a venda de uma área para fazer geração de caixa no curto prazo, o que foi materializado também em 2023. Ele acrescentou o pagamento de credores de menor porte e a reestruturação de dívidas com grandes bancos. “Não existe mais nenhum risco de descumprimento da RJ do estaleiro que possa trazer crise financeira”, salientou.

Fonte: Portos e Navios – Danilo Oliveira
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