Em sua jornada para atender aos anseios do governo federal, que quer a todo o custo ampliar a oferta de gás natural no país, a Petrobras anunciou hoje (26), durante a feira ROG.e 2024, uma nova iniciativa nesse sentido a presidente da companhia, Magda Chambriard, revelou que as equipes técnicas da empresa estão mapeando poços fechados que podem, eventualmente, produzir mais gás natural. O primeiro deles já foi identificado e fica na porção norte da Bacia de Campos, em Roncador. Segundo Magda, muito provavelmente o poço deve entrar em operação já no próximo ano, com uma taxa diária que poderá chegar a 1,7 milhão de metros cúbicos por dia. Em conversa com jornalistas, a presidente da Petrobras também falou sobre a política de preços de combustíveis, anunciou a redução nos preços do querosene de aviação (QAV) e comentou sobre o papel da indústria de petróleo na transição energética.
Um dos temas de destaque na edição desta feira é o posicionamento da indústria de petróleo frente à transição energética. Como avalia essa questão?
O Brasil assumiu o compromisso de atingir o net zero até 2050, assim como outros 150 países. A Petrobras também está comprometida com essa meta. Mas é importante destacar que, apesar de apostarmos no net zero em 2050, estamos seguindo um ritmo justo. Esse é o nosso ponto principal. Quando falamos de transição energética, é preciso entender que os diferentes países farão essa mudança em velocidades distintas.
O que tenho afirmado é que não há conflito entre o avanço da descarbonização e a transição energética com a exploração de petróleo. Muitos associam essas questões à Margem Equatorial Brasileira, mas meu esforço tem sido mostrar que essas duas ações podem coexistir sem conflitos.
Falando agora sobre o mercado de gás natural, há um interesse do governo em ampliar a oferta desse insumo e reduzir o preço. Qual o caminho para alcançar esse objetivo?
O gás é uma commodity, mas também tem um forte componente regional. Quando falamos em baixar o preço do gás, estamos lidando com a lei da oferta e da demanda: mais gás, menor preço; menos gás, maior preço. Nossa meta é ganhar na escala. Não adianta lucrar muito em uma única molécula, queremos ganhar na escala e fazer dinheiro de forma sustentável.
Quais ações no curto prazo a Petrobras pode adotar no sentido de ampliar a oferta de gás?
Um exemplo é o campo de Roncador, que, embora seja um campo de óleo, tem um poço fechado capaz de produzir, sozinho, 1,7 milhão de metros cúbicos de gás por dia. Essa é uma das iniciativas que estamos perseguindo para aumentar a oferta no curto prazo. Há a infraestrutura para exportar esse gás para a costa. Nossa ideia é “garimpar” mais poços de gás.
Quando esse poço deve entrar em produção?
Provavelmente no ano que vem.
Como está a expectativa sobre um possível novo reajuste no preço dos combustíveis?
A Petrobras tem empatia pela sociedade brasileira e está comprometida com o desenvolvimento da empresa dentro de um contexto de desenvolvimento social. O que fazemos é monitorar constantemente os preços dos combustíveis. Sempre que identificarmos a possibilidade de reduzir os preços, nós faremos isso. Se compararmos os preços de 31 de dezembro de 2022 com os atuais, veremos que todos os combustíveis estão mais baratos.
Por exemplo, o preço do QAV hoje é mais de 40% menor do que no final de 2022. Inclusive, estamos reduzindo preço de QAV, neste momento, em quase 10%, a partir do dia 1° de outubro.
No caso do diesel, a queda é de mais de 30%. Isso demonstra que a empresa consegue ser lucrativa enquanto mantém uma postura empática com a sociedade brasileira. Estamos sempre avaliando e, quando necessário, faremos ajustes. A Petrobras visa ao lucro, ninguém pode ter dúvidas disso, e quer dominar o mercado brasileiro, que é um dos dez maiores do mundo. Vamos ocupar todo o espaço que for possível.