Parcerias entre MDIC, Sinaval, Senai e outras instituições impulsionam a requalificação e formação de trabalhadores para a retomada do setor naval
Em setembro de 2024, o número de empregos na indústria naval brasileira atingiu 32.425, indicando sinais de recuperação após anos de estagnação. A reativação do setor traz consigo a necessidade urgente de qualificação de mão de obra. Órgãos de governo como o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e entidades setoriais como o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) têm se mobilizado para atender essa demanda. Com o apoio de instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS), estaleiros de todo o país estão retomando seus programas de treinamento e requalificação, com foco na preparação de trabalhadores para a crescente demanda.
O MDIC, em conjunto com o Sinaval, conduziu uma pesquisa para mapear as necessidades de contratação e formação profissional da indústria naval. O estudo, capitaneado pelo Grupo Executivo de Defesa da Indústria Naval Brasileira, destaca a parceria dos Senai regionais com os estaleiros, que atuam diretamente na capacitação de novos profissionais e no retreinamento de antigos trabalhadores. Além disso, as “escolinhas” dos estaleiros, que historicamente funcionaram como centros de treinamento, estão sendo reativadas para fornecer a qualificação necessária, especialmente para trabalhadores que estavam fora do mercado desde a crise que paralisou o setor em 2014.
A Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS) também está absorvendo técnicos e inspetores de soldagem que não renovaram suas certificações durante os anos de crise. Com a retomada da demanda, esses profissionais serão requalificados para atuar tanto nos estaleiros quanto na indústria de bens de capital. Além disso, há a expectativa de um novo programa nos moldes do Prominp, que, no passado, ajudou a capacitar milhares de trabalhadores para a indústria naval e offshore.
A reativação da indústria naval faz parte de um cenário mais amplo de necessidade de qualificação no Brasil. Segundo o “Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027” da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil precisará qualificar 14 milhões de profissionais até 2027. Esse levantamento mostra que áreas como logística, construção, manutenção e metalmecânica terão uma demanda significativa por trabalhadores capacitados. Embora o estudo da CNI abranja diversos setores, a requalificação no setor naval se destaca pela urgência e especificidade das habilidades requeridas, como soldagem e operação de maquinário pesado.
De acordo com o sindicato, diferente do início dos anos 2000, quando houve uma corrida pela formação de novos profissionais, a atual retomada deverá contar com um maior retorno de trabalhadores que já foram capacitados anteriormente, o que pode reduzir o volume de formação inicial necessária. No entanto, muitos desses profissionais precisarão de atualizações em suas habilidades, sobretudo diante das novas tecnologias e processos produtivos.
As iniciativas de qualificação são possíveis graças a uma articulação entre governo, indústria e instituições de ensino técnico. O MDIC e o Sinaval lideram essas discussões, enquanto o Senai, com suas unidades regionais, atua como um dos principais parceiros no desenvolvimento de cursos voltados para as demandas do setor. Espera-se que, além dos recursos federais, estados e municípios também implementem medidas de apoio à formação de trabalhadores nas regiões onde os estaleiros estão sendo reativados, repetindo um movimento semelhante ao que ocorreu entre 2000 e 2014.