Mauá mira alavancar construção com barcos de apoio e estruturas metálicas

  • 11/04/2025

Estaleiro, que está construindo componentes de módulos da P-83, vem cotando a construção de embarcações offshore. Área de reparos cresceu na faixa de 20% nos últimos 2 anos

O Estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), pretende fortalecer a construção naval, nos próximos anos, com o incremento da fabricação de estruturas metálicas em suas instalações. A estratégia, que vai ajudar a consolidar seu processo de recuperação que está em andamento, também mira projetos de novas embarcações de apoio marítimo que serão construídas no Brasil para atender a demanda da Petrobras. O grupo também tem perspectivas positivas com o reparo, que vem crescendo em torno de 20% nos últimos dois anos.

A ideia de retomar a construção de navios com embarcações de apoio offshore é levar para o Mauá projetos de menor porte em relação a petroleiros, mas que tenham alto valor agregado e que poderão ser contratados junto aos armadores que vencerem as concorrências da Petrobras. Os armadores precisam do preço de construção para bidar e para montar seu capex, já que essas concorrências da Petrobras são baseadas na taxa diária de operação (daily rate) e preveem novos navios com conteúdo local.

“Vários armadores têm nos pedido preço. Demos a eles preços [cotações] para as concorrências dos PSVs [transporte de suprimentos], dos OSRVs [combate a derramamento de óleo] e agora vamos dar preço também [para RSVs — embarcações equipadas com robôs]. Estamos fornecendo preços para as empresas armadoras que estão entrando na concorrência da Petrobras”, contou o CEO do Estaleiro Mauá, Miro Arantes, em entrevista à Portos e Navios.

O executivo acrescentou que a fabricação de estruturas metálicas e estruturas offshore aproveita as características do estaleiro, que é um parque industrial com capacidade de produção dessas grandes estruturas. O Mauá foi subcontratado pela Seatrium (Jurong) para a produção de componentes de módulos da plataforma P-83, da Petrobras. “Não vejo o Mauá construindo os módulos. Vejo o Mauá construindo parte dos módulos e edificando eles onde era o Brasa (Ilha da Conceição), repetindo o que foi feito lá na época do Brasa”, afirmou.

Além dos ‘pancakes offshore’ dos módulos, o estaleiro de Niterói fabricou estruturas para Subsea7 e para Technip. “É um outro mercado em que trabalhamos, conseguimos certificar e qualificar e estamos executando. Fomos certificados, com soldadores qualificados para fabricar grandes estruturas para a Technip e Subsea7”, mencionou.

Arantes ressaltou que as áreas do Mauá e do site da Ilha da Conceição (antigo Brasa) estão bem localizadas na Baía de Guanabara, o que favorece projetos de módulos para as próximas plataformas. “Existem outras empresas, chinesas e coreanas, nos procurando porque os próximos bids dos FPSOs têm conteúdo local que precisa ser realizado no Brasil”, revelou. Ele ponderou que as oportunidades vão depender das estratégias de cumprimento do conteúdo local a serem adotadas pelos vencedores das concorrências.

Nos últimos anos, com o arrefecimento das encomendas, o Mauá fortaleceu a área de manutenção, reparos e serviços de embarcações em geral. Arantes destacou que o estaleiro cresceu em torno de 20% essa atividade em 2023 e em 2024. “De 2024 para 2025, acreditamos que vamos aumentar de novo na casa de 20% a 25% nosso faturamento neste segmento de reparo e serviços”, projetou.

Atualmente, o Estaleiro Mauá tem em torno de 1.250 trabalhadores, com perspectiva de chegar a 1.500 até o final de 2025. Segundo o CEO do Mauá, esse efetivo hoje está dedicado principalmente aos serviços das pancakes offshore e às demais obras de manutenção e upgrade dos navios. Ele estima que 90% da capacidade de reparo do estaleiro está ocupada.

Fonte: Portos e  Navios – Danilo Oliveira
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