Parcerias podem fortalecer indústria naval e ampliar oportunidades

  • 15/04/2025

Empresas enxergam necessidade de integração para atender demanda de projetos de magnitude financeira e técnica que não aconteciam há mais de 10 anos no mercado brasileiro

Representantes de diferentes segmentos da indústria naval acreditam que o momento é propício para parcerias para atender às atuais demandas desse mercado e ampliar o olhar para oportunidades futuras, inclusive para exportação de produtos e serviços em países que hoje não estão no radar. A avaliação é que o reaquecimento das atividades abriu espaço para a busca de parceiros que se complementem para atender aos novos projetos, após mais de uma década de desmobilização.

“Parcerias hoje, inclusive entre ‘concorrentes’ ou ‘partes do mesmo mercado’, é uma das grandes soluções para o mercado de engenharia e para indústria como um todo, para aportarmos tudo que está por vir pela frente. (…) Nesse momento, o mercado parece um pouco mais propenso a fazer isso diferente, olhando de fato para parcerias como solução”, avaliou o CEO da Ghenova, Frederico Cupello, durante evento sobre soluções e inovações de engenharia naval e offshore, na última semana, no Estaleiro Mauá, em Niterói (RJ).

Cupello ressaltou que o início de um novo ciclo é sempre desafiador porque pressupõe mudança da estrutura, capacidade, estrutura e pessoal, por exemplo. Ele destacou que, nos primeiros anos de Brasil, a Ghenova se fortaleceu com parcerias e que, mesmo durante o período de crise da construção, optou por manter sua estrutura no Brasil e aumentar expertise atendendo a projetos em outros países.

O diretor comercial do Mauá, Arialdo Félix, lembrou que a parceria com a Jurong no passado foi importante para a especialização do estaleiro no mercado offshore. “Depois de vários anos fazendo navios, entramos na área offshore. Foi uma parceria importante que durou algum tempo e depois o estaleiro seguiu seu caminho, sendo referência na construção naval, reparo e também na indústria offshore”, destacou. Recentemente, o estaleiro firmou parceria com a Seatrium (Jurong/Keppel) para fabricação de ‘pancakes’ offshore, encomendados para a P-83, da Petrobras. “Depois de tanto tempo, precisamos dessa união de empresas. Não é fácil agregar mão de obra depois de tanto tempo sem projetos”, acrescentou.

O diretor industrial da Itaguaí Construções Navais (ICN) almirante Mário Botelho, destacou que a parceria da ICN com a Naval Group e demais parceiros é para vencer desafio da construção dos submarinos convencionais e futuramente parte relevante do submarino com propulsão nuclear. Ele destacou a geração de mais 60 mil empregos diretos e indiretos envolvidos com todo o Prosub, além dos mais de R$ 2 bilhões de investimentos em programas de nacionalização e da qualificação de empresas fornecedoras brasileiras.

Botelho contou que a ICN busca parceria internacional ou nacional que possa garantir nossa perenidade da empresa, que hoje tem como cliente somente a Marinha do Brasil, que depende do orçamento. “Estamos buscando nos tornar polo exportador de submarinos, as demandas do cone sul são grandes. O mundo está motivado pelo rearmamento, os países estão aumentando seus gastos orçamentários com indústria de defesa. É uma oportunidade que vemos de buscar esse mercado que, com essas parcerias, permitirá que continuemos atuando e não entremos num ciclo de baixa”, comentou.

O advogado Iwam Jaeger Jr., sócio sênior do Kincaid Mendes Vianna, chamou a atenção que, em parcerias multinacionais, uma das dificuldades é explicar para investidores estrangeiros peculiaridades jurídicas locais. Jaeger mencionou que esse tipo de problema é comum nos contratos, desde termos de afretamento até cláusulas em planos de descomissionamento de instalações (PDIs). Ele sugeriu o estabelecimento de um equilíbrio contratual, definindo a matriz de responsabilidade e a matriz de risco pelos envolvidos.

Fonte: Portos e  Navios – Danilo Oliveira