Enquanto as ações da Petrobras voltavam ontem a levar um tombo na bolsa, a Agência Internacional de Energia fazia uma avaliação amplamente positiva das perspectivas do mercado de energia brasileiro. “O Brasil jogará papel central no atendimento da demanda mundial de petróleo até 2025, sendo responsável por um terço do crescimento líquido do fornecimento global”, aponta o “Perspectivas para a Energia Mundial” de 2013.
“Os recursos do Brasil são abundantes e diversificados e seu desenvolvimento nas próximas décadas colocará o país entre os produtores globais de energia que ocupam o topo do ranking”, prevê o AIE. “Mais poços super-gigantes foram encontrados no Brasil nos últimos dez anos do que em qualquer outro país”.
Entre as fontes convencionais, a produção brasileira de petróleo é a que mais contribuirá para atender a demanda mundial no resto da década, ultrapassando nesta tarefa o aumento do suprimento dos países do Oriente Médio. No longo prazo, porém, a região continuará a ser o fiel da balança da oferta mundial farta e de baixo preço.
Projeções apontam que Brasil fornecerá um terço do aumento líquido da produção global até 2025
Pelas estimativas do AIE, a produção de petróleo brasileira crescerá de 2,2 milhões de barris agora para 4,1 milhões de barris em 2020 e 6,5 milhões de barris-dia em 2035. Nesse ano, o país será o sexto maior produtor mundial. Esse desempenho dependerá basicamente da exploração do pré-sal que, se bem-sucedida, consolidará a posição da Petrobras como líder global na exploração em águas profundas – ela passará a dominar 60% do óleo delas extraído em todo o mundo. A produção de gás associada à de petróleo deverá crescer fortemente, segundo o AIE, e atingir em 2035 cerca de 90 bilhões de metros cúbicos.
Rico em petróleo, o Brasil tem também boas perspectivas em outras energias não provenientes de hidrocarbonetos. Para o AIE, o país tem um potencial estimado de 245 GW de energia hidroelétrica – dois terços ainda inexplorados -, e um potencial ainda maior, próximo de 350 GW na energia eólica, além de “considerável potencial para energia solar”.
No cenário da agência, a demanda de energia elétrica no Brasil atingirá 940 TWh em 2035. Se, por algum motivo, a utilização energética dos rios da região da Amazônia for proibida, o potencial de expansão hidrelétrica se reduzirá para 70 GW e praticamente não poderá mais ser expandido.
As perspectivas que se desenham para o setor de energia dependerão da manutenção de altos níveis de investimento, que estão, segundo estima o AIE, na casa dos US$ 90 bilhões anuais. Dois terços desse valor são absorvidos pelo setor de petróleo e mais de 25% na expansão da geração de energia e na rede de transmissão.
A produção de biocombustíveis deve triplicar até 2035 e atingir o equivalente a 1 milhão de barris de óleo equivalente. Nesse ano, ela suprirá praticamente um terço da energia usada no transporte rodoviário, ajudando a reduzir significativamente a demanda por petróleo.
A AIE constata que o setor de energia brasileiro permanecerá um dos menos intensivos em carbono do mundo. “Apesar da grande disponibilidade e uso de combustíveis fósseis, o Brasil já é o líder mundial em energia renovável e está a caminho de dobrar sua produção de combustíveis renováveis até 2035”, indica o estudo. A emissão brasileira de CO2 per capita deve crescer 50% e chegar a 3 toneladas, pelas estimativas do AIE. Ainda assim, aponta, esse nível corresponderá a “apenas 70% da média mundial em 2035”.