Maior empresa do país, a Petrobras não costuma dar muitas satisfações à sociedade. Assim é que lançou, com certa pompa, o projeto EBN (de Empresa Brasileira de Navegação) há alguns anos. A exemplo do que ocorre com barcos de apoio, a estatal, em vez de se descapitalizar, fazendo encomendas aos estaleiros, escolhe privados – por licitação – e lhes pré-contrata navios por oito anos. Com isso, os particulares constroem os navios e prestam serviços à Petrobras. A estatal desembolsa menos, os privados crescem, e metalúrgicos e marítimos se beneficiam.
Pelo EBN, foram contratados 39 navios e, sem qualquer aviso ao mercado, o negócio não foi à frente. Um dos grupos contratados, o King Fish, chegou a encomendar navios e depois os cancelou. O projeto afundou. Agora, fontes revelam que a Petrobras vai relançar o projeto. Do mesmo modo que em concessões de rodovias e aeroportos, o governo do PT será obrigado a abaixar a cabeça para o mercado. Fixou regras tão rígidas que ninguém aceitava e nenhum navio engrenou. Agora, a Petrobras irá ceder a reivindicações dos privados em relação a garantias e riscos financeiros e, com isso, se pretende contratar 42 navios. É que a frota da Transpetro está envelhecendo, e as novas construções não ampliam a frota própria, apenas evitam sua queda. Este ano, a Transpetro já aposentou quatro navios.
O plano de encomendas da Transpetro envolve 49 navios, dos quais 46 foram contratados. Especula-se que a Petrobras quer dar ênfase ao projeto EBN para poder comparar os custos dos privados com os de sua subsidiária Transpetro. Até agora, a Transpetro transfere seus custos para a Petrobras e, com o projeto EBN, a cúpula da Petrobras poderá tomar importante decisão: se lança o Promef III, da Transpetro, com mais 20 navios, ou se estanca os planos de expansão da Transpetro e passa a usar, cada vez mais, navios privados, na base de aluguel de longo prazo, pelo sistema EBN.