Às vésperas de divulgar os balanços do terceiro trimestre e de todo o ano de 2014, a Petrobras anunciou no fim da sexta-feira que fechou contratos de financiamento e um acordo de cooperação com valor total de R$ 18,7 bilhões. Os recursos garantem a operação deste ano, diz a estatal.
Conforme a Petrobras, foram firmados contratos de financiamento com o Banco do Brasil (R$ 4,5 bilhões), Caixa Econômica Federal (R$ 2 bilhões) e Bradesco (R$ 3 bilhões). Além disso, a empresa firmou um acordo de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 9,2 bilhões) com o britânico Standard Chartered.
Para tranquilizar o mercado sobre suas necessidades de caixa, além do pacote de financiamento anunciado na sexta-feira, a Petrobras já informou que vai trabalhar para antecipar parte das necessidades de recursos para 2016. Durante a semana, em evento, a agência de rating Fitch declarou que, se a estatal não obtive mais captações, fecharia o ano com caixa entre US$ 7 bilhões e US$ 10 bilhões.
No momento, a grande incerteza dos investidores está relacionada ao ajuste contábil que a estatal fará nos balanços que serão publicados em 22 de abril. Mas a atenção também está voltada, principalmente, para informações que determinem os rumos futuros da companhia, como venda de ativos, redução de investimentos e o futuro dividendos.
A Petrobras deve surpreender positivamente os investidores com a previsão de investimentos abaixo do esperado para 2015 e 2016 sem, porém, comprometer as estimativas para o crescimento da produção no médio prazo, afirma o Citi.
Já um analista de um grande banco que pediu para não ser identificado ressalta que esse corte de investimentos é um número difícil de prever. “A Petrobras já tem problemas de produção, e não tem dinheiro para pagar os investimentos neste ano com o patamar atual do Brent”, explica. Para o Citi, será importante a Petrobras informar detalhes sobre potenciais rolamento de dívidas com vencimento neste ano e no próximo, além de detalhes sobre a política de preços de combustíveis.
Em meio aos problemas de caixa enfrentados pela companhia, passada a publicação do balanço, o mercado deve aguardar para ver como a nova administração vai lidar com o endividamento, de acordo com o Deutsche Bank.
Ao publicar o balanço antes do fim de abril, a Petrobras vai cumprir as cláusulas restritivas sobre a dívida, impedindo uma aceleração do seu vencimento. Mesmo assim, a nova administração da estatal precisará se concentrar na revisão do plano de negócios e na comunicação com o mercado.
Os investidores esperam também que a estatal realize teleconferência com os analistas logo após publicar os resultados. A companhia, porém, ainda não informou quando isso vai ocorrer. Para o Deutsche Bank, esse momento vai ajudar a esclarecer as expectativas da companhia para investimentos, crescimento da produção, financiamento e venda de ativos.
Um ponto importante na divulgação dos resultados é o comentário dos administradores da companhia sobre a expectativa de redução de investimentos e prazo para venda de ativos para levantar caixa, afirma o Bank of America Merrill Lynch (BofA). O banco, porém, não espera que os resultados sejam um “catalisador” para as ações, devido à natureza não caixa da baixa contábil, que “reduz a importância da questão”.