Petrobras não cumpre índices de conteúdo nacional diz presidente

  • 29/04/2015

BRASÍLIA – O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, reconheceu que a estatal não está cumprindo os índices de nacionalização exigidos pela legislação do setor. Em audiência pública no Senado, ele citou diretamente a questão de produção de sondas. Segundo Bendine, as regras estabelecidas pela ANP dão peso excessivo a um único componente da sonda.

“Vamos achar um bom termo na discussão da nacionalização de sondas”, afirmou Bendine, sem dar muitos detalhes. O presidente afirmou que a estatal continuará dando prioridade a fornecedores locais.

Partilha
Bendine afirmou ainda que “não seria salutar” a participação da estatal num leilão do pré-sal neste ano.

Respondendo a perguntas dos senadores sobre a necessidade de mudança na regra que obriga a estatal a participar com pelo menos 30% em todas as áreas do pré-sal, Bendine afirmou que a empresa tem um ganho de competitividade ao ter garantia de acesso a todos os poços do pré-sal, mas ele admitiu que a situação de caixa da companhia não é confortável o suficiente para uma operação deste tipo em 2015. A questão do modelo de partilha é garantir a financiabilidade dos projetos, afirmou.

“Não vislumbramos (novas licitações do pré-sal) no curto prazo. Se houvesse leilão neste momento, teríamos dificuldade, mas isso não está posto”, afirmou o presidente da Petrobras, para quem um esforço neste momento exigiria um aumento inevitável da dívida.

Bendine afirmou aos senadores que a companhia não vai liderar nenhum movimento para alterar a legislação porque este papel não lhe cabe. Mas também completou que discussões técnicas terão a participação da Petrobras. Para ele, o modelo de partilha tem atingido o que tinha sido planejado.

Segundo ele, a estatal não tem necessidade de buscar novos poços no pré-sal porque a produtividade dos que já estão em produção é bastante superior até à melhor previsão feita pela companhia e à média mundial. Eventual leilão de pré-sal neste ano exigiria aumento da dívida da companhia.

Carta-convite

O executivo disse também não concordar com o modelo de compras da estatal por meio de cartas-convite, permissão concedida à estatal em decreto de 1998 que procurava dar agilidade e permitir a competição com empresas privadas e que não se submete à lei de Licitações. Segundo ele, isso traz riscos à companhia.

Bendine disse que o principal problema não é o marco regulatório, mas o processo de decisão da estatal. A intenção, no novo modelo de governança da Petrobras, é que as decisões sejam “cruzadas”, envolvendo mais áreas para “mitigar os riscos”. O presidente da companhia disse que pretende implantar o novo modelo aos poucos e de cima para baixo.  “Problema não está no marco gerencial para compras, mas na mitigação de riscos”, disse Bendine.

Fonte: Valor Econômico – Portos e Navios
29/04/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: |