Petrobras e governo do RS buscam saída para Iesa

  • 19/03/2014

As obras para a construção de equipamentos para pelo menos seis plataformas de petróleo da Petrobras, em Charqueadas (RS), foram paralisadas ontem por cerca de 580 funcionários da Iesa Óleo e Gás. Eles protestam, dentre outras questões, contra atrasos nos salários e pela regularização do recolhimento do FGTS. A empresa estaria com problemas financeiros e pode ter de recorrer a um sócio no projeto.

Os contratos, de US$ 720 milhões, assinados com empresas operadas pela Petrobras, com sócias como BG, Petrogal e Repsol-Sinopec, prevê o fornecimento de 24 módulos de compressão de gás para seis plataformas que vão operar no pré-sal da Bacia de Santos. Há ainda a opção de fornecimento de mais oito módulos para outras duas plataformas, o que elevaria o contrato para US$ 911 milhões.

Para a produção dos módulos, a Iesa está construindo na cidade o Polo do Jacuí, que atraiu investimentos regionais. A possibilidade do projeto dar errado tem trazido dor de cabeça para os empresários locais. Os seis primeiros módulos deveriam ser entregues em julho, mas a estatal já estuda a transferência de pelo menos parte da encomenda para outros estaleiros, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, Jorge Luiz de Carvalho.

O sindicalista afirmou que, até agora, nenhum módulo foi concluído em Charqueadas. Logo após o Carnaval, a Iesa chegou a dispensar os funcionários por sete dias porque não havia quitado dívidas com os fornecedores das áreas de transporte e alimentação dos empregados, afirmou.

A Petrobras criou uma conta vinculada com a contratada para administrar os pagamentos em conjunto. Segundo Carvalho, na semana passada, a estatal fez um adiantamento de US$ 166 milhões para a Iesa.

Mauro Knijnik, secretário de Desenvolvimento e Promoção do Investimento do Rio Grande do Sul, disse que está acompanhando a questão de perto. Na segunda-feira, Knijnik participou de reunião entre o Sindicato dos Metalúrgicos e representantes da Iesa Óleo e Gás. Segundo ele, a empresa informou que, no dia anterior, havia liquidado todos os atrasos nos pagamentos dos funcionários.

A vinda de nova empresa para trabalhar na produção dos módulos, segundo Knijnik, será necessária e poderá acontecer por meio de uma associação ao projeto ou à própria Iesa. “Nosso interesse é que ela se associe ao projeto, porque é uma solução mais rápida.”

O secretário, que evitou dar detalhes sobre a intervenção da Petrobras, disse que a questão está sendo conduzida pelo diretor de engenharia, tecnologia e materiais da Petrobras, José Antônio de Figueiredo. A preocupação do secretário é com a economia do Estado: “O polo de Charqueadas é novo.”
“Às vezes, para quem está crescendo, existem algumas dificuldades”, afirmou. Ele destacou que a ideia do Polo do Jacuí é descentralizar a atividade naval do Estado, concentrada em Rio Grande. Para ele, o Estado tem forte potencial para o setor, com grande quantidade de hidrovias.

Procurada, a Iesa informou que “os assuntos de Charqueadas estão sendo tratados em confidencialidade com a Petrobras e que, por isso, não vai se manifestar”. A Petrobras não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento da edição.

 

Fonte: Valor Econômico – Marta Nogueira e Sergio Bueno | Do Rio e de Porto Alegre

 

 

19/03/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , , , |