Os fornecedores da Petrobras terão de se adaptar a uma mudança no perfil da demanda nos próximos anos. Acostumada com grandes contratos para novas plataformas, sondas e refinarias, a indústria nacional de bens e serviços terá de conviver com uma demanda mais voltada para a operação e manutenção de unidades já existentes, segundo a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). “O plano indica que não haverá grandes contratos novos. Estamos recomendando que a indústria nacional se direcione para as demandas de operação e manutenção. Esse setor tende a crescer”, afirma o diretor-geral da Onip, Eloi Fernández y Fernández.
O corte de 37% anunciado nos investimentos da companhia não chegou a surpreender o mercado. Para Karina Freitas, analista da corretora Concórdia, os novos patamares de investimentos devem se refletir no esfriamento da demanda. “Para a cadeia fornecedora, o novo plano tende a representar um esfriamento da demanda e revisão dos investimentos.” Mesmo com o corte, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) vê potencial de aumento no volume de vendas do setor para a estatal. A indústria brasileira precisa de estímulos para elevar sua competitividade e capturar a demanda da petroleira, defende a associação.
De acordo com estimativas da entidade, o novo plano da estatal tem potencial para gerar um volume de vendas de até R$ 14 bilhões por ano para o setor de máquinas e equipamentos. Nos últimos anos, a média de vendas da indústria nacional para o setor de óleo e gás foi de R$ 7 bilhões a US$ 8 bilhões por ano. De acordo com a Abimaq, considerando um conteúdo local de 60%, o setor de máquinas e equipamentos teria potencial de faturar cerca de 18% do valor do plano de investimentos da Petrobras, de US$ 130,3 bilhões.
“É um valor maior que as vendas da indústria de máquinas e equipamentos para o setor de óleo e gás nos últimos anos. Se capturarmos 80% desse potencial [de R$ 14 bilhões/ano], já estamos melhor que antes”, diz o diretor de Petróleo, Gás, Bionergia e Petroquímica da Abimaq, Alberto Machado Neto. Ele afirma que no passado recente a indústria de máquinas e equipamentos não conseguiu capturar todo o crescimento da demanda da Petrobras e que o setor precisa de uma política industrial que eleve sua competitividade frente ao mercado internacional. Do contrário, continuará sem conseguir elevar suas vendas para o setor de óleo e gás. “Sou um pouco otimista, desde que haja medidas paralelas. Se houver uma política de estímulo à competitividade da indústria nacional, o setor pode não sentir muito o corte de investimentos”, disse Machado Neto.
Os fornecedores da Petrobras terão de se adaptar a uma mudança no perfil da demanda nos próximos anos. Acostumada com grandes contratos para novas plataformas, sondas e refinarias, a indústria nacional de bens e serviços terá de conviver com uma demanda mais voltada para a operação e manutenção de unidades já existentes, segundo a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). “O plano indica que não haverá grandes contratos novos. Estamos recomendando que a indústria nacional se direcione para as demandas de operação e manutenção. Esse setor tende a crescer”, afirma o diretor-geral da Onip, Eloi Fernández y Fernández.
O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) elogiou o plano. O presidente da entidade, Ariovaldo Rocha, considerou “positiva” a decisão de concentrar os investimentos no segmento de produção de petróleo e gás em áreas com maior potencial de retorno. “Os investimentos de US$ 130,3 bilhões de 2015 a 2019 deverão manter encomendas de plataformas de produção de petróleo, navios petroleiros, navios de apoio marítimo e sondas de perfuração que garantem a operação nos estaleiros brasileiros, embora com redução da demanda geral.”
Rocha acrescentou: “É também necessário destravar a concessão dos financiamentos com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM), considerando que os agentes financeiros responsáveis pelo risco das operações aumentaram o rigor das garantias a armadores e estaleiros. Este tema necessita de uma avaliação política”. Para Rocha, é necessário avaliar melhor os critérios para a concessão dos aditivos legítimos nos contratos de construção naval, por conta dos aumentos de preços, variação da inflação e da correção cambial.
Segundo Rocha, os estaleiros brasileiros ainda geram cerca de 70 mil empregos nos diversos Estados e apresentam integração com grandes empresas internacionais, participando de cadeias mundiais de produção.