Os operários da planta de construção naval da Iesa, localizada em Charqueadas, resolveram ontem interromper as atividades por tempo indeterminado. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do município, Jorge Luiz de Carvalho, enfatiza que a paralisação deve-se a uma série de fatores reivindicados, como, por exemplo, condições de trabalho mais adequadas, valores de vale transporte, vale refeição e participação nos resultados. Além disso, os trabalhadores da unidade pedem que a ajuda de custo quanto à moradia seja estendida dos cargos de chefia para os subordinados.
Cerca de 580 pessoas entraram em greve. “Será uma queda de braço”, compara o sindicalista. Carvalho acrescenta que recebeu a informação de que a Iesa estaria entrando na justiça para decretar a ilegalidade do movimento. O dirigente espera que a Petrobras (contratante da Iesa) auxilie na intermediação das negociações trabalhistas.
Sobre a relação das duas companhias, uma fonte que acompanha a questão diz que o diretor da Petrobras José Figueiredo teria comentado ontem com o secretário estadual do Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Mauro Knijnik, que a realização dos módulos de plataformas em Charqueadas não poderia mais ser concretizada na totalidade da encomenda, por causa dos prazos. A assessoria de imprensa da secretaria afirma que não houve o encontro com o diretor Figueiredo. O que ocorreu foi uma reunião com diretores da Inepar (controladores da Iesa) para detalhar a situação. A assessoria reitera também que a informação atual é que os módulos serão construídos na cidade gaúcha.
A unidade está produzindo módulos de compressão para plataformas de petróleo replicantes (idênticas) que serão instaladas na área do pré-sal. As estruturas foram encomendadas pela Tupi BV, que tem como acionistas a Petrobras, o BG Group e a Petrogal. O contrato dos 32 módulos é de US$ 911,3 milhões, e o investimento no complexo de produção da Iesa é de cerca de R$ 100 milhões.
Durante evento ocorrido na Ceasa, o governador Tarso Genro foi questionado sobre a situação do polo naval do Jacuí. O dirigente reagiu à greve dos trabalhadores da Iesa como um conflito normal. “Eles terão de chegar a uma composição para continuar trabalhando e resolver o impasse”, declarou. Tarso lembrou que o governo está buscando com a Petrobras, há mais de 60 dias, uma solução para o problema financeiro da empresa. “Não sei se a Iesa vai buscar um novo sócio ou uma fusão com outra empresa. A Petrobras passou a acompanhar e a tomar conta do assunto. Não podemos inviabilizar aquele polo naval, pois é muito importante para a economia do Estado”, justificou o governador.
Fonte: Jornal do Commercio (POA)/Jefferson Klein e Patrícia Comun