A esta coluna, o deputado Edson Santos (PT-RJ), declarou que, em conjunto com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), vai promover audiência pública no Congresso para examinar até que ponto a Petrobras pretende mudar a política de conteúdo local – que privilegia a indústria nacional no fornecimento à indústria do petróleo. Santos é presidente da Frente Parlamentar da Indústria Marítima, e Lindbergh está à frente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Comedido, Santos admite que a propalada mudança na política de conteúdo local possa resultar de mal-entendido. No entanto, quer esclarecer certos pontos, como a licitação para 11 plataformas dos campos de Tartaruga Verde e Tartaruga Mestiça já para 2017, o que praticamente eliminaria a presença nacional, por questão de tempo para entrega. – O que está em jogo é a necessidade de o Brasil dispor de indústria forte para o setor de petróleo, de modo a não depender de estrangeiros e, no futuro, voltar a exportar.
Além disso, Santos defendeu o crescimento da frota de cabotagem e declarou ser a favor da proposta de criação de frota de porta-contêineres para operar nas linhas internacionais, após receber estudos do empresário Washington Barbeito. O projeto prevê a operação com 12 navios para Europa e Estados Unidos – pertencentes a diversas empresas nacionais – de modo que os brasileiros possam iniciar a formação de uma futura grande frota para competir com os estrangeiros. Hoje, não há sequer um navio brasileiro de porta-contêineres nas rotas internacionais. Comentou que isso é tão relevante como o fortalecimento da Marinha do Brasil – que está construindo cinco submarinos, sendo um deles de propulsão nuclear. Salientou que, ao fim do Governo Fernando Henrique Cardoso, os estaleiros de todo o país computavam 2 mil empregados, e hoje são 78 mil, fora os 300 mil das indústrias subsidiárias. “Não podemos abandonar o que custou tanto para ser recuperado”, disse Santos.
O presidente do Sindicato da Construção Naval, Ariovaldo Rocha, lembrou que em 2013 foram entregues seis plataformas de produção, dois navios para a Transpetro, 21 barcos de apoio, dez rebocadores portuários e 100 barcaças. Estão em construção 15 plataformas – 12 totalmente locais e três com cascos vindos da Ásia; estão sendo construídos 28 navios-sonda. A Transpetro encomendou 46 navios, dos 49 anunciados, e sete já foram entregues, com previsão de se concluir três este ano. Por último e não menos importante, estaleiro da brasileira Odebrecht e da francesa DCNS está produzindo, em Itaguaí (RJ), cinco submarinos, sendo que um deles com casco especial para suportar propulsão nuclear. Enfatizou Rocha: ”Sem a construção naval brasileira, a Petrobras teria ainda mais dificuldades de conseguir, nos prazos adequados, navios e plataformas para elevar sua produção”.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta