O relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ) perguntou sobre a situação da Sete Brasil, empresa que tem contrato para construir 28 navios-sonda para a Petrobras. Em resposta, o presidente da Petrobras Aldemir Bendine disse estar otimista com relação a um desfecho positivo, mas afirmou que o contrato entre Petrobras e Sete Brasil será, inevitavelmente, reduzido. De acordo com ele as condições do mercado internacional de óleo e gás recomendam um contrato mais enxuto. “A demanda da Petrobras ficou menor do que se imaginava. Estamos sujeitos a uma série de variáveis, mas a perspectiva é de um projeto de menor envergadura”.
Petrobras economiza com gestão da dívida
A Petrobras economizou US$ 3,8 bilhões neste ano com a melhoria na gestão de seu endividamento, informou ontem o presidente da estatal, Aldemir Bendine, que falou como testemunha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as denúncias de corrupção na companhia. De acordo com ele, o processo de escalonamento da dívida – calculada hoje em cerca de US$ 130 bilhões – possibilitou a economia.
Quando Bendine assumiu o comando da Petrobras, em fevereiro deste ano, a estimativa era de que o caixa fechasse 2015 com US$ 10 bilhões, montante que a nova diretoria considerou “tímido” e “inseguro” para as necessidades da empresa. Para fechar o ano com pelo menos US$ 20 bilhões, a Petrobras captou recursos no mercado, via emissões de bônus e outros instrumentos de prazo mais longo.
“O que temos buscado é que essas dívidas sejam de prazo mais longo e de preço mais baixo. Temos trabalhado pelo escalonamento da nossa divida e da nossa garantia de financiabilidade. É fundamental para a empresa que ela tenha um caixa com capacidade para fazer frente a qualquer momento de um agravamento do mercado”, afirmou Bendine. De acordo com ele, a direção da Petrobras já trabalha no equacionamento do caixa para 2016.
Bendine ainda garantiu aos deputados que, apesar de toda a crise por qual passa a companhia, os investimentos em 2015 vão ficar entre US$ 25 bilhões e US$ 27 bilhões. Se ficar na banda superior, o aporte representará uma redução tímida em relação ao corte anunciado pela empresa em comunicado ao mercado. Na ocasião, a Petrobras se comprometeu a reduzir os investimentos em pouco mais de 10%, de R$ 28 bilhões para US$ 25 bilhões.
Ainda assim, o executivo disse que a Petrobras sairá mais “enxuta” do seu processo de reorganização. Na avaliação de Bendine, apesar dos episódios de corrupção – que ele classificou de “vergonhosos” -, o maior problema da empresa está nos preços internacionais do petróleo, que em doze meses caíram quase 45%.
O novo plano de negócios visa reposicionar a empresa ao cenário das commodities. Mesmo com essa situação, acreditamos na capacidade de recuperação da Petrobras. Passado esse episódio de reorganização, a empresa estará mais enxuta em termos operacionais, mas mais robusta do ponto de vista de resultado”, disse Bendine.
Após uma apresentação inicial, o presidente da Petrobras passou a ser questionado pelos parlamentares. O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) quis saber por que o processo de venda de ativos anunciado pela empresa ainda não deslanchou. De acordo com Bendine, as condições atuais de mercado não são as ideais. Segundo ele, a estatal espera vender US$ 15 bilhões em ativos até o fim de 2016 e outros US$ 40 bilhões em cinco anos.
O relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ) perguntou sobre a situação da Sete Brasil, empresa que tem contrato para construir 28 navios-sonda para a Petrobras, mas que entrou em colapso após ser envolvida na Operação Lava-Jato e ficar sem crédito no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Bendine disse estar otimista com relação a um desfecho positivo para o caso, mas afirmou que o contrato entre Petrobras e Sete Brasil será, inevitavelmente, reduzido. De acordo com ele, além dos problemas relativos à Lava-Jato, as condições do mercado internacional de óleo e gás recomendam um contrato mais enxuto. “A demanda da Petrobras ficou menor do que se imaginava. Estamos sujeitos a uma série de variáveis, mas a perspectiva é de um projeto de menor envergadura”, afirmou o executivo.
Ele também foi questionado sobre o impacto da corrupção nas finanças da Petrobras. Bendine afirmou que o valor de R$ 6,2 bilhões baixado do balanço de 2014 é “conservador”, pois considerou uma estimativa linear de 3% de propina em todos os contratos. Ele admitiu, no entanto, que também pode haver desvios nos R$ 45 bilhões baixados do balanço após os testes de imparidade, pelos quais a empresa recalculou, para baixo, o valor dos seus ativos.