Fabricantes de equipamentos do setor petrolífero no país estão questionando o pedido da Petrobras para contratar integralmente no exterior a primeira plataforma para a área de Libra, no pré-sal na Bacia de Santos. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) realiza nesta terça-feira uma audiência pública para discutir o chamado pedido de waiver feito pela Petrobras – solicitação para dispensar o cumprimento do conteúdo local previsto no contrato assinado em 2013.
A Petrobras alega que o pedido foi feito porque os participantes apresentaram preços 40% acima dos valores esperados nas duas licitações realizadas no ano passado. A estatal, operadora do consórcio que explora a área de Libra, afirma que, com esses preços, o projeto para instalar a primeira plataforma de produção chamada Pioneiro de Libra, se torna inviável.
Já os representantes da indústria garantem que é possível fabricar uma boa parte dos equipamentos no país, e questionam o fato de a Petrobras ter solicitado autorização para contratar 100% dos equipamentos no exterior.
O presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, José Velloso, disse na manhã desta terça-feira, achar estranho esse pedido, levando em consideração a prova de que todos os 16 módulos das sete últimas plataformas contratadas pela Petrobras foram feitos no Brasil.
— Qualquer tipo de módulo é possível ser feito com qualidade no Brasil. A indústria nacional hoje conta com mais de 60% de ociosidade, então, a indústria nacional hoje tem uma situação mais favorável de atender prazos do que tinha no passado. O custo acima de 40% alegado pela Petrobras foi em cima de um orçamento interno, e não de uma consulta ao mercado internacional para comparar os preços aqui e lá fora — sustenta Velloso. — A Petrobras tem errado muito em suas previsões, orçamentos e projetos.