O FPSO P-76, que será utilizado pela Petrobrás no campo de Búzios III, na área da Cessão Onerosa do pré-sal da Bacia de Santos, está seguindo de vento em popa para sua conclusão no Estaleiro do Pontal do Paraná, da Techint. Aliás, esta obra é a mais evidente conclusão de que as empresas no Brasil são capazes de produzir com eficiência e dentro dos prazos estabelecidos no projeto. Com um alto índice de conteúdo local, a Techint, que está comemorando 70 anos de Brasil e 40 em obras offshore, tem muitos motivos para comemorar. É um exemplo que a Petrobrás pode estudar e se convencer, assim como a ANP, de que as obras também podem ser feitas aqui no Brasil, em sua maior parte.
O navio-plataforma, que terá capacidade para produzir até 150 mil barris de petróleo e comprimir 7 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, começou sua conversão no Estaleiro Inhaúma, no Rio de Janeiro, onde foi feita a conversão parcial de seu casco. Neste momento a plataforma está na fase de integração. O histórico dessa obra será contado pelo Diretor Comercial da Techint, Luiz Guilherme de Sá (foto). Para esta obra, a Techint emprega 3,7 mil pessoas e empregará 4 mil até o final deste ano: “ Importante dizer que o projeto foi desenvolvido integralmente na nossa base do Pontal do Paraná, efetuado com eficiência. Esse projeto é uma referência. Fizemos a engenharia, o Procurement, a construção,” disse Luiz Guilherme.
Ele conversou com o repórter Davi Souza, durante a realização da OTC Brasil, no Rio Centro:
O projeto da P-76 parece ser uma prova que cala os críticos que dizem que o Brasil não tem condições de atender as empresas com o conteúdo nacional…
Certamente. Nosso projeto ele é um caso de sucesso de execução de um empreendimento no Brasil com alto conteúdo local e eficiência. Dos 20 módulos que existem na Plataforma, 15 foram realizados aqui no Brasil. Quatro nós trouxemos de fora, subcontratamos fora, porque avaliamos que era mais adequado fazer esta contratação no exterior. Mas eram os módulos mais simples. A nossa estratégia foi executar no Brasil os módulos mais sofisticados, mais complexos, que agregavam mais valor e com isso pudéssemos ter um controle maior dos prazos de execução e toda eficiência do processo de construção dos módulos.
Como está a fase atual do projeto?
Esse projeto hoje está em fase de integração. Como falei, os módulos foram construídos em Pontal do Paraná. Depois que você constrói esses módulos, você tem o içamento desses deles através de um guindaste de grande porte. Durante 45 dias fizemos esta campanha. Foram 43 içamentos realizados. Concluída esta fase, começamos a fase de integração, que é exatamente pegar esses módulos em cima do navio e interliga-los. Passar todo cabeamento e efetivamente preparar a unidade para começar a operar. Estamos executando este trabalho no momento. E, além disso, estamos executando também um escopo que inclui a conclusão da conversão do navio.
Quando esse trabalho de conversão foi iniciado?
Esse trabalho de conversão foi iniciado no Estaleiro Inhaúma, pelo Estaleiro Enseada, mas não chegou a ser concluído e está sendo concluído aqui na Techint, no Pontal do Paraná, que é um trabalho de conclusão dessa conversão. Pintura dos tanques de lastro, pintura dos tanques, a parte interna do navio, onde existe um trabalho que está executado para concluir.
Qual o prazo para esta conclusão ?
A previsão nossa é que o projeto esteja concluído no ano que vem, em 2018.
Quais são as perspectivas agora com os novos leilões. Como o senhor vê esta questão para o futuro ?
A gente está muito otimista. Porque recentemente teve aí um posicionamento muito interessante da ANP em relação a essa questão do conteúdo local. Nós estávamos muito preocupados porque foi feito todo um investimento no site lá no Paraná, mais de 300 milhões de reais, além de um investimento grande para capacitação de mão de obra. Hoje, 90% da mão de obra que é utilizada na nossa unidade do Paraná, é mão de obra local. Nós treinamos, investimos, para chegar a ter o nível de produtividade que temos hoje. E nós estávamos muito preocupados com toda esta discussão em relação a flexibilização do conteúdo local, as concorrência de Libra e Sépia, sendo relicitadas com conteúdo local muito baixo.
Como o senhor avaliou a posição da ANP em relação a esses duas plataformas?
Os parâmateros de conteúdo local estavam muito baixos. Libra em torno de 23 %, Sépia com 18 %, mas o que está nos deixando muito animados são as perspectivas que está se chegando a um ponto de equilíbrio nessas discussões de conteúdo local. Acho que a decisão da ANP em relação ao Waiver de Libra foi uma decisão racional, está equilibrada, ela concedeu Waiver onde tinha que conceder, porque não faz sentido você realmente forçar a contratação de itens no país que você não tem condições de executar. Ela ajustou alguns percentuais em relação a alguns itens, de forma a balancear a competitividade com a valorização do conteúdo local e do que é feito aqui no Brasil. Foi uma sinalização muito positiva porque a expectativa nossa é de que isso seja um indicador de qual é caminho que vamos seguir daqui para frente, depois dessa análise que foi realizada para Libra pela ANP. Nós acreditamos que um posicionamento similar venha para outras unidades.
A Techint, então, está bem posicionada, não?
Nós tivemos uma participação importante neste processo. Porque hoje o projeto da P-76 é um caso de sucesso. Então, fomos lá na ANP e mostramos o que estava sendo executado, a quantidade de emprego gerado, Hoje nós estamos beirando aí 3.700 empregos Até o final ano estaremos com 4 mil pessoas.
E qual foi índice de conteúdo local nessa plataforma?
O índice foi de 71 %, em média. A engenharia foi mais de 90 %, integração mais de 80 %, módulos em torno de 70 %. São índices de conteúdo muito altos, mas que estão sendo executados com competitividade. Foi isso que fomos mostrar para a ANP. Olha, é factível você executar conteúdo local no Brasil. Ele tem uma importância socioeconômica muito grande. Por exemplo, esta é uma região onde você tem nessa cidade de Pontal do Paraná, 20 mil habitantes. Uma cidade desse tamanho e você ter 3.700 pessoas trabalhando no empreendimento é de um impacto socioeconômico gigante. A cidade gira em torno do projeto. E se estende para outros municípios no entorno. Nós fazemos questão de promover esta capilaridade. É um compromisso social que temos com o Estado do Paraná, de promover esta capilaridade para Antonina, Paranaguá, Matinhos, Morretes… Inclusive, temos ônibus que levam os funcionários para cada uma dessas cidades, para aumentar a capilaridade na criação de empregos, porque cada emprego em nossa unidade offshore se reflete no emprego de varejo e comércio da região. Tem toda uma atividade comercial que floresceu com o desenvolvimento do projeto que levou progresso da região. Trouxe a esperança das pessoas na melhoria de uma boa qualidade de vida. E este é o nosso papel social, gerando riqueza onde nós trabalhamos.