As obras do grupo Estaleiros do Brasil (EBR), em São José do Norte, encontram-se em um ritmo acelerado. Em setembro, foi realizada a cerimônia de cravamento da primeira estaca do estaleiro. E, no começo de dezembro, conforme o presidente da empresa, Alberto Padilla, a execução tinha alcançado aproximadamente 40% do total da etapa inicial do projeto.
O dirigente adianta que a previsão é de que a primeira fase do complexo seja concluída até o final de janeiro, o que permitirá que comece a fabricação dos módulos (equipamentos) de plataformas de petróleo. Já o segundo passo deverá ser terminado em setembro de 2014. Dessa forma, o estaleiro poderá, além de realizar os módulos, fazer a integração do FPSO (sigla em inglês para unidade flutuante que produz, armazena e escoa petróleo).
Sobre a rapidez da implementação do empreendimento, Padilla sentencia: “Não brincamos em jogo”. O executivo detalha que o EBR, por contrato, precisa cumprir prazos determinados e “está correndo contra o tempo”. O presidente tem nítida na memória a data na qual o estaleiro precisa entregar o seu primeiro trabalho, a plataforma P-74: 16 de dezembro de 2015. Sobre o cumprimento do cronograma, o empresário se diz tranquilo. “Só se acontecer alguma coisa muito importante que não estava prevista.” O casco em que será concretizado o complexo encomendado pela Petrobras deve chegar a São José do Norte no fim de 2014 ou começo de 2015.
Na construção do estaleiro, estão trabalhando hoje em torno de 650 pessoas, e o investimento no complexo é estimado em cerca de R$ 300 milhões. O grupo ainda aguarda o comportamento do mercado para definir a instalação de um dique seco, o que aumentaria em muito o aporte no empreendimento, algo entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões. “É preciso ter uma visão muito clara do retorno do investimento, e isso não está muito claro”, diz. Padilla comenta que não há um prazo definido para a decisão se o dique seco será implementado. No entanto, o dirigente adianta que nos próximos dois anos “não deve acontecer nada”.
A estrutura permitiria à empresa realizar a conversão e a construção de cascos novos. O presidente do EBR revela que a estrutura seria maior do que a que opera hoje na cidade vizinha, Rio Grande. A projeção inicial é de cerca de 360 metros de comprimento, 120 metros de largura e 11 metros de profundidade.
Padilla reitera que o dique dependerá da demanda apresentada. Uma preocupação dos empreendedores do segmento naval é a futura capacidade da Petrobras em realizar todos os investimentos previstos com a exploração do pré-sal. “Mas achamos que ela (Petrobras) vai conseguir fazer esse programa, que é um programa de governo”, aposta.
Sobre a P-74, Padilla diz que no pico das obras o número de postos de trabalho diretos deve chegar a cerca de 3 mil. O tamanho do estaleiro permite construir dois FPSOs simultaneamente. Padilla esteve, dia 9/12/13, ontem no Rio de Janeiro participando do 3º Prêmio Naval de Qualidade e Sustentabilidade, promovido pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) e pela Fundação ARO. A companhia foi premiada na modalidade Caminho para a Competitividade.
Sinaval projeta postos de trabalho para o próximo ano
O ano de 2013 foi “maravilhoso” para a indústria naval brasileira, considera o presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha. “Estamos saindo daquele período de aprendizado e espero que em 2014 haja continuidade e que melhore a produtividade”, projeta o dirigente. De acordo com Rocha, o segmento naval gera hoje em torno de 78 mil postos de trabalho diretos no País, e a expectativa para o próximo ano é agregar a esse número mais 15 mil a 16 mil pessoas.
Rocha diz que até hoje as encomendas têm sido cumpridas e pagas pela Petrobras. Se o sindicato vislumbra novos empregos, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) prevê investimentos no setor. A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, afirma que, nos próximos dez anos, a área de petróleo e gás deve propiciar uma demanda de cerca de US$ 500 bilhões ao segmento de bens e serviço, com mais da metade desse montante absorvida por empresas nacionais.