Na tentativa de agilizar as tratativas sobre a construção das plataformas P-75 e P-77 no Município, lideranças políticas, diretores de entidades e lideranças sindicais estiveram no Rio de Janeiro, na tarde de ontem, segunda (8), reunidos com o diretor da Petrobras, Roberto Moro. Durante o encontro, os representantes do Município falaram sobre a preocupação quanto à falta de acordo entre a Petrobras e a QGI Brasil para a construção das plataformas.
As negociações entre empresa e estatal não avançam em função dos valores dos contratos. A empresa QGI Brasil diz que são necessários aditivos de cerca de 8% em cima do valor previsto para a construção das plataformas, que é de R$ 1,6 bilhão. Já a Petrobras alega que o valor dos aditivos é muito alto e que não tem como pagá-los.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal, vereador Thiago Pires Gonçalves (Thiaguinho – PMDB), que participou do encontro, o representante da Petrobras explicou a situação e o impasse que ocorre entre a estatal e a QGI Brasil. Conforme Gonçalves, a Petrobras alega que já houve muitos encontros com os representantes da empresa e, até o momento, não houve um acordo referente aos aditivos solicitados pela QGI Brasil. Ele destacou que o representante da Petrobras disse que houve aditivos para a construção das plataformas P-74 e P-76, que serão construídas pelo estaleiro EBR em São José do Norte, porém, observou que tais aditivos possuem valores muito diferentes. “Eles alegam que a P-74 e a P-76 também sofreram aditivos, só que uma empresa pediu um valor e a outra está pedindo outro e, juridicamente, isso fica inviável de aceitar. São valores muito diferentes”, apontou o vereador.
O presidente da Câmara Municipal também ressaltou que a empresa QGI alega que, desde janeiro, foram 36 encontros com representantes da estatal, entretanto, nenhum obteve resultado positivo. “A QGI diz que só eles cederam e diminuíram o valor dos aditivos e que a Petrobras não cedeu”, acrescentou. Ele comentou que ainda não há uma decisão final sobre a construção das plataformas e que, na quarta-feira (10), uma última reunião deve decidir o futuro das obras. “Eles ficaram sensibilizados com a nossa vinda até aqui. Nessa terça-feira (9), haverá uma reunião da Executiva da Petrobras e, na quarta-feira (10), eles chamarão para uma última reunião com os representantes da QGI, que será decisiva. Eu solicitei que, assim que for finalizada a reunião, entrem em contato conosco para dizer o que ficou decidido”, observou.
O prefeito Alexandre Lindenmeyer, que também esteve no encontro, afirmou não ser definitiva a decisão de haver uma nova licitação. “Ainda não é definitivo, ainda terá uma provável reunião. O cenário é de difícil solução, pois existe uma discrepância pelo valor proposto pela Petrobras e o proposto pela QGI. A QGI não abre mão dos aditivos e a Petrobras não avança na proposta. São mais de 30 reuniões, que não chegaram a um denominador comum”, contou o prefeito. Lindenmeyer disse que a expectativa, após esta mobilização dos representantes do Município e região, é de que haja a sensibilização da estatal e da empresa e que ocorra um acordo entre elas. “Quem sabe, com a nossa mobilização, eles se sensibilizem e consigam chegar a um denominador comum”, acrescentou.
Ele enfatizou ainda que, com uma nova licitação, o tempo dos trâmites seria muito maior e poderia ocorrer de nenhuma empresa instalada em Rio Grande vencer o processo, o que acarretaria em prejuízos para a cidade e região, em diversas áreas econômicas, além do número de desempregados que haveria no setor.
Relembre
Desde que foi deflagrada, pela Polícia Federal, a Operação Lava Jato, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo a Petrobras, o futuro das empresas do setor segue indefinido. A operação foi iniciada em março de 2014 e, desde então, investiga grandes empreiteiras suspeitas de pagarem propina para executivos da Petrobras e para outros agentes públicos.
No dia 16 de setembro de 2013, a presidente Dilma Rousseff realizou a assinatura dos contratos para a construção das plataformas P-75 e P-77, em evento realizado no Palácio Piratini, em Porto Alegre. Na época, a presidente anunciou que o Polo Naval gaúcho, em aproximadamente 18 meses, teria 18 mil trabalhadores empregados. Em março deste ano, completou-se o prazo estipulado pela presidente. Porém, com a crise na Petrobras, desde que foi instaurada a Lava Jato, diversos trabalhadores do setor estão desempregados e muitos dos investimentos previstos ainda não ocorreram.
Em outras oportunidades, Dilma garantiu a sequência de investimentos para o Rio Grande do Sul, em especial para a cidade do Rio Grande, mas, com a crise na estatal, a principal cliente dos estaleiros do Rio Grande, diversos investimentos tornaram-se dúvida. Em dezembro do ano passado, a então presidente da Petrobras, Graça Foster, também garantiu a continuidade e a execução dos contratos previstos para o Município.
Contudo, mesmo com as afirmações por parte da Petrobras e do Governo Federal, no dia 6 de fevereiro deste ano, o consórcio QGI Brasil enviou uma carta à estatal, a qual informava que a empresa estaria ‘desistindo’ de construir as plataformas P-75 e P-77. Na carta, a empresa alegou que o motivo seria a falta de recursos para realizar as obras.
Fonte: Jornal Agora (RS) – Aline Rodrigues – Portos e Navios