O Sinaval destaca, por outro lado, que demanda por reparo ainda é muito reduzida.
Embora já tenha sido aprovado no Congresso Nacional, o Projeto de Lei (4199/2020), BR do Mar ainda recebe algumas críticas, sobretudo da indústria naval. O argumento é que o PL pode desestimular a construção naval no país, que já só sofre com poucas obras. No entanto, o diretor do Departamento de Navegação e Hidrovias da Secretaria Nacional de Portos, Dino Batista, afirmou que não há base para esta crítica, tendo em vista o baixo desempenho na construção de navios de cabotagem nos últimos onze anos. Segundo ele, apenas quatro embarcações foram construídas nesse período. A afirmação foi feita durante o evento online, Summit, realizado na última quinta-feira (25).
O diretor disse ainda que o projeto busca proteger os segmentos da indústria naval que vêm apresentando bons resultados, além de trazer incentivos para novos segmentos da indústria. Um desses incentivos, segundo ele, vem sendo no mercado de reparo naval. Batista afirmou que já vem sendo observado um movimento no sentido de se adaptar as possibilidades de reparo. Apesar disso, ele frisou que nem todos os estaleiros, que se preparam para o mercado de construção, a exemplo do setor de petróleo, conseguirão se adaptar às atividades de reparo.
Procurado pela Portos e Navios sobre o assunto, o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Sérgio Bacci, afirmou que em um contexto em que não existe demanda de construção no país, os estaleiros buscam as oportunidades disponíveis no mercado. Porém, o sindicato não tem visto ainda muito demanda por reparos surgindo para os estaleiros.
Ele disse que a baixa demanda do setor de contêineres ocorre em função de as empresas que operam cabotagem no Brasil optarem por construírem seus navios em países da Ásia. Entretanto, Bacci afirma que, por outro lado, navios de cabotagem para o transporte de combustível muitos foram construídos com êxito nos últimos anos no Brasil.
Batista destacou ainda durante o evento que também vem observando o mercado naval brasileiro se preparar os serviços de desmantelamento. Ele informou que neste segmento cabe apoio do Ministério da Infraestrutura, apesar de não ser competência legal da pasta em atuar neste ramo, tendo em vista que isso diz respeito a uma política industrial. No entanto, ele pontuou que o apoio do ministério pode ser no sentido de sensibilizar o poder político sobre a grande oportunidade que este segmento pode representar à indústria naval, especialmente para o mercado de petróleo.
Bacci também destacou a necessidade de investimento no segmento de desmantelamento, porém, ressaltou que, com exceção do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), não tenho havido movimento de outros estaleiros em torno no setor. Para ele, é um mercado que ainda está em fase de perspectivas mais concretas.