Tanto EAS, em Pernambuco, quanto Mauá (RJ) estudam parcerias para participar da concorrência do NApAnt. Comprovação de capacidade e experiência na construção de navios similares pode ser do próprio estaleiro ou de um parceiro tecnológico.
Mais dois estaleiros nacionais confirmaram interesse em participar da construção do navio de apoio Antártico (NApAnt). O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) informou à Portos e Navios que está estudando potenciais parcerias para uma eventual participação na concorrência realizada pela Marinha do Brasil para obtenção desse navio. Nicole Terpins, CEO do EAS, destacou que o estaleiro pernambucano possui histórico de entregas de navios com altos níveis de produtividade e qualidade, equiparáveis aos melhores estaleiros internacionais. Ela acrescentou que o estaleiro conta com infraestrutura de ponta, incluindo processos automatizados, o que imprime velocidade e segurança ao projeto.
O projeto do NApAnt também está no radar de oportunidades enxergadas pelo Estaleiro Mauá (RJ). A administração do Mauá entende que o estaleiro tem experiência e capacidade para cumprir todas as exigências técnicas para este projeto, exceto quanto à comprovação de ter construído navio similar, o que demanda um parceiro que detenha expertise na construção de navio para operação em ambiente polar. O estaleiro informou que estuda uma forma de entrar nessa concorrência. “Temos tido conversas com alguns players”, contou o diretor-presidente do Mauá, Geraldo Panitz Ripoll.
Na visão do EAS, o processo de reestruturação financeira do estaleiro não é um impeditivo para uma eventual participação do estaleiro no projeto do NApAnt. “O processo de reestruturação do estaleiro está caminhando conforme o esperado e não cria quaisquer restrições ao desenvolvimento de qualquer atividade. Ao contrário, a recuperação judicial visa a criação de um ambiente seguro para a realização de novos negócios”, salientou Nicole.
A administração do Mauá também avalia que o processo de recuperação judicial não dificulta a disputa do estaleiro nesse projeto. O entendimento é que as garantias financeiras devem ser dadas pelo main contractor, empresa/estaleiro detentor de expertise em construção de navios polares. Ripoll destacou como diferenciais do Mauá a disponibilidade de instalações adequadas para construção do NApAnt, entre elas uma carreira, oficinas com linhas de construção de blocos retos, oficinas de blocos curvos, oficinas de acabamento, cabines de pintura, diversos cais para acabamento do navio, diversos equipamentos de carga, programa de aumento de produtividade, MO especializada e vontade de gerar novos empregos.
A entrega das propostas para o projeto NApAnt, que substituirá o navio de apoio oceanográfico Ary Rongel, deve ocorrer até o final deste ano e anúncio final do vencedor em meados de 2021. A Marinha exige comprovação de capacidade e experiência, nos últimos 10 anos, na construção de navios destinados a operação em ambientes polares. De acordo com as regras, tal capacidade e experiência podem ser do próprio estaleiro, ou de um parceiro tecnológico.
Na semana passada, a Wilson Sons e a Damen anunciaram parceria na concorrência para a construção do NApAnt, que substituirá o navio de apoio oceanográfico Ary Rongel. Caso as empresas vençam a licitação, o navio será construído nos estaleiros da Wilson Sons no Guarujá (SP). A Ecovix, dona do Estaleiro Rio Grande (RS), se aliou à empresa chinela Asmar, estatal de administração autônoma focada em construção naval, para participarem juntas dessa concorrência. A parceria, anunciada no final de agosto, inclui um acordo de cooperação, com transferência de tecnologia da empresa chilena para a brasileira, a fim de aumentar as chances de vitória no edital.
Fonte: Portos e Navios – Danilo Oliveira