Sinaval considera que instalações conseguiram se manter atualizadas durante escassez de projetos de construção nos últimos 10 anos
A questão tecnológica não deverá representar um problema muito grave para uma eventual mobilização da atividade de construção naval no país nos próximos anos, segundo avaliação do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore. O Sinaval considera que os estaleiros, na medida do possível, tentaram manter-se atualizados nesse aspecto durante a escassez de novos projetos de embarcações vivenciada nos últimos 10 anos. A requalificação e a formação de mão de obra, bem como a capacitação de fornecedores de equipamentos, já estão na agenda setorial.
O sindicato entende que os organismos tecnológicos, como os departamentos especializados das universidades federais, a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS), entre outros, mantiveram-se ativos no período e o conhecimento tecnológico será atualizado à medida em que houver necessidade.
O Sinaval informou que os estudos referentes à situação em que se encontram os estaleiros já estão em andamento. “As instalações industriais tiveram, nesse período de baixa atividade, uma manutenção adequada que preservou a integridade dos equipamentos e, assim, favorece sua utilização à medida que for necessária”, comentou o presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha.
O sindicato salienta que os estaleiros de médio e pequeno porte conseguiram operar quase normalmente em alguns nichos de mercado, como os de rebocadores, barcaças e navios fluviais. Já os estaleiros de maior porte precisaram se reinventar, a partir de 2014, para sobreviverem num cenário de falta de contratos e de altos custos para a manutenção de suas instalações. Esse grupo precisou se dedicar aos serviços de reparos navais para compensar a carência de construções e até aproveitar seus cais para operações como terminais de uso privado (TUPs).
Os construtores navais também já identificam a necessidade de se pensar na requalificação e na formação da mão de obra. “Nas conversações do Sinaval com o governo federal, esse tema já está sendo estudado com muita atenção. Depois de tantos anos, parte considerável da mão de obra dos estaleiros, em todos os níveis, migrou para outras atividades econômicas ou para a informalidade, havendo, portanto, necessidade de retreinar e requalificar os trabalhadores que retornarem a seus postos com a retomada desta indústria”, relatou Rocha.
O presidente do Sinaval acrescentou que também haverá necessidade de preparar e capacitar as empresas fornecedoras e seus colaboradores. “Nossa previsão é que haverá muito trabalho a fazer nesses aspectos de requalificação de mão de obra e capacitação de empresas fornecedoras, inclusive empresas de pequeno porte e microempresas”, elencou Rocha.