A diretora geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, afirmou nesta quarta-feira que a área de Franco, no pré-sal da Bacia de Santos, pode ter reservas iguais ou superiores às da área de Libra, leiloada mês passado e que tem reservas estimadas entre oito bilhões e 12 bilhões de barris de petróleo. Em 2010, a previsão de Franco era de reservas de três bilhões de barris; depois subiu para cinco bilhões; e, agora, pode ter, pelo menos, oito bilhões. Magda, porém, não quis fazer previsões mais detalhadas, mas ressaltou que os dados demonstram bons resultados:
– Ano que vem vamos fazer ajustes na cessão onerosa. Nesta discussão vai estar Franco, outra oportunidade gigantesca, do porte ou até talvez maior que Libra – afirmou Magda, lembrando que alguns comunicados já indicavam nas áreas de Franco e Lula colunas de óleo tão ou mais espessas que as de Libra. – E a coluna de óleo de Libra tem 326 metros, a altura do Pão de Açúcar.
Magda informou que assinou nesta quarta com a Gaffney, Cline & Associates contrato para certificar as áreas da cessão onerosa, já que Franco – hoje com oito poços – deve ter sua declaração de comercialidade feita pela Petrobras até o fim deste ano. Em 2010, a Petrobras ganhou o direito de produzir até 5 bilhões de barris de óleo equivalente em troca de um aumento de capital feito pela União.
Segundo o contrato da Petrobras com a União, caso o potencial de produção nas áreas cedidas à estatal seja superior aos cinco bilhões de barris, a Petrobras pode pagar a diferença à União em dinheiro ou títulos da dívida pública.
De acordo com o Plano de Negócios 2013/2017 da empresa, há cinco unidades de produção previstas para Franco. O início da produção, que será escalonado, vai de 2016 a 2020. A primeira unidade a entrar em produção será o navio-plataforma P-74, cujo casco está em conversão no estaleiro Inhaúma, no Rio, desde o fim de 2012.
Outras áreas podem ir à leilão
Há ainda unidades de produção previstas para os blocos de Florim, Entorno de Iara, Lula Sul e Nordeste de Lula. Segundo a Petrobras, a área de Peroba foi incluída na cessão onerosa como “bloco contingente”, cujo contrato somente seria acionado caso o volume de cinco bilhões de barris equivalentes não pudesse ser obtido com os demais blocos, disse a estatal em nota. Assim, diz a Petrobras, com o resultado obtido nas demais áreas, não será necessário utilizar esse bloco.
Quanto ao bloco Sul de Guará, que também não está incluído no Plano de Negócios, a Petrobras diz que a área ainda está em estudos e que uma “possibilidade” é a interligação futura a alguma unidade de produção.
Segundo o contrato da cessão onerosa, a União pode usar as áreas não utilizadas e leiloá-las em um futuro leilão.
A diretora da ANP disse, ainda, que a produtividade do pré-sal é algo impressionante:
– O campo de Lula, o antigo Tupi, já produz 120 mil barris de petróleo por dia com cinco poços, ou seja, dá algo entre 20 mil e 25 mil barris de petróleo por poço – informou, durante seminário sobre a indústria petroquímica promovido pela Secretaria de Desenvolvimento do Estado do Rio.
Venda de operação no Peru
Nesta quarta, a Petrobras anunciou que vendeu 100% de sua operação no Peru (Petrobras Energia Peru) para a chinesa CNPC, uma das empresas com quem formou consórcio para produzir na área de Libra O negócio no Peru foi avaliado em US$ 2,6 bilhões e inclui campos maduros e blocos exploratórios. Com isso, o plano de desinvestimentos da estatal já soma reforço de caixa de US$ 7,4 bilhões de um total de US$ 9,9 bilhões previstos para este ano.
– A venda não vai ajudar muito a atual situação da Petrobras, que gerou um caixa operacional de R$ 13 bilhões e teve investimentos de R$ 25,1 bilhões no terceiro trimestre. A defasagem de preços dos combustíveis continua prejudicando o desempenho da empresa – disse um analista que não se identificou.
Com o negócio, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras subiram 1,99%; e as ONs avançaram 2,57%.
Magda informou nesta quarta que apenas dez empresas apresentaram garantias para a 12ª Rodada da agência, que ocorre entre 28 e 29 de novembro. O número ficou aquém do esperado, já que num primeiro momento 20 empresas manifestaram interesse. Mas, para Magda, não significa que serão só dez empresas participando, já que estas são apenas operadores, e as demais companhias podem participar em parceria.