Fotos: Agência Petrobras
A Transpetro e o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) lançaram ao mar nesta sexta-feira, 23/8, o navio suezmax Dragão do Mar, terceiro petroleiro construído na Região Nordeste para o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef).
O lançamento ao mar é a penúltima etapa na construção de um navio, antes da entrega ao armador para operação. A embarcação entra agora na fase de acabamentos finais, no próprio estaleiro, em Pernambuco. Em seguida, passará pela prova de mar, que verifica seu desempenho em uma viagem de curta distância.
Batizado em homenagem ao herói cearense na luta pela abolição da escravatura, o Dragão do Mar tem como madrinha a oficial de náutica Vanessa Cunha, imediata do navio de produtos Rômulo Almeida, que também foi construído para o Promef. O navio integra uma série de 10 petroleiros idênticos, encomendados ao EAS, e que celebram figuras destacadas na história brasileira. Dois deles estão em operação: João Cândido, entregue em maio de 2012, e Zumbi dos Palmares, em atividade desde maio de 2013.
“A nova indústria naval brasileira parte agora para atingir competitividade internacional. Vamos construir navios não apenas para o Brasil, mas para o mundo. Temos a competência necessária para transformar a nossa indústria naval na melhor do mundo. Com a união de todos – metalúrgicos, empresários e marítimos – o Brasil vai chegar ao pódio”, afirmou o presidente da Transpetro, Sergio Machado, durante a cerimônia de lançamento.
O petroleiro suezmax tem 274 metros de comprimento, 51 metros de altura, 48 metros de largura e capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo, o equivalente a quase metade da produção diária nacional. A denominação suezmax deve-se ao calado desse tipo de embarcação, de 17 metros, compatível com a passagem pelo Canal de Suez, que liga o Mediterrâneo ao Mar Vermelho.
Em 18 meses, cinco navios do Promef entraram em operação
A Transpetro recebeu cinco embarcações construídas por estaleiros brasileiros, em um período de 18 meses (entre novembro de 2011 e maio de 2013). Entraram em operação os navios de produtos Celso Furtado, Sérgio Buarque de Holanda e Rômulo Almeida, entregues pelo Estaleiro Mauá, de Niterói (RJ), e os petroleiros suezmax João Cândido e Zumbi dos Palmares, construídos pelo EAS, em Ipojuca (PE). Além do Dragão do Mar, será entregue, ainda este ano – para o início das operações -: o navio de produtos José Alencar, em construção no Estaleiro Mauá.
Com investimento de R$ 10,8 bilhões na encomenda de 49 embarcações, o Promef garantiu as bases para o ressurgimento da indústria naval brasileira, permitindo a abertura de novos estaleiros e a modernização dos estaleiros existentes. Antes do programa, a indústria naval brasileira passou 14 anos sem entregar petroleiros ao Sistema Petrobras.
O Brasil já tem a terceira maior carteira de encomendas de petroleiros do mundo. O setor, que chegou a ter menos de dois mil trabalhadores na virada do século, emprega hoje mais de 70 mil pessoas.
O Promef foi elaborado a partir de três premissas: construir os navios no Brasil; ter um índice de conteúdo nacional mínimo de 65%; e atingir competitividade internacional após a curva de aprendizado. Com o cumprimento das duas primeiras premissas, o programa já vem contribuindo para retirar a indústria naval da inércia.
A terceira premissa do programa, a busca por competitividade internacional, é o atual foco. Para atingir este objetivo, a Transpetro criou o Sistema de Acompanhamento da Produção (SAP), que tem como função avaliar os processos produtivos dos estaleiros e sugerir alternativas para melhoria da produtividade.
Perfil Dragão do Mar (1839-1914)
Francisco José do Nascimento é a identidade do herói cearense historicamente conhecido como Dragão do Mar. O líder jangadeiro, também conhecido como Chico da Matilde, chefiou os jangadeiros que se engajaram na luta abolicionista, recusando-se a transportar para os navios negreiros os escravos vendidos para o Sul do País.
Ficha técnica do navio Dragão do Mar:
Tipo: petroleiro suezmax
Capacidade de transporte: 157 mil de Toneladas de Porte Bruto (TPB)
Comprimento total: 274,2 metros
Largura: 48 metros
Altura: 51,6 metros
Calado: 17 metros (compatível com a passagem pelo Canal de Suez, que liga o Mediterrâneo ao Mar Vermelho)
Pontal (distância entre o fundo e o convés): 23,2 metros
Velocidade: 14,8 nós
Autonomia: 20 mil milhas náuticas
Número de tanques: 14 tanques, sendo 12 de carga e 2 de sobra
Etapas da construção de um navio
De acordo com a tradição da indústria naval mundial, a construção de um navio tem cerimônias que marcam etapas fundamentais das obras: o corte da primeira chapa de aço, o batimento de quilha, o lançamento ao mar e a entrega ao armador.
É importante ressaltar, sobretudo, a diferença entre o lançamento ao mar e a entrega ao armador:
Lançamento ao mar – Depois de concluída a edificação do casco, o navio é batizado e lançado ao mar, para os acabamentos finais. O lançamento libera o dique para o início das obras de uma nova embarcação. O navio em construção é transferido para o cais do estaleiro.
No cais, são feitas as obras de acabamento, as interligações dos vários sistemas e os últimos testes em equipamentos. Antes da entrega, o navio é geralmente levado de novo ao dique, para a limpeza do casco. Por fim, são feitas as provas de mar – viagens de curta duração que testam o desempenho geral da embarcação.
Entrega – Após a conclusão de todas as obras e testes, o navio é certificado por uma sociedade classificadora independente e entregue ao armador, para o início das operações.
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