RIO – Além das sondas de exploração do pré-sal, a construção de petroleiros vem sofrendo fortes atrasos. Dos 49 navios encomendados pela Transpetro a estaleiros no país, previstos para serem concluídos até 2016, um terço (15) não tem mais data para sair do papel. Até hoje, só quatro foram entregues. Apenas o petroleiro João Cândido, entregue em maio de 2012, teve 21 meses de atraso.
Entre os 15 petroleiros suspensos, 12 estavam a cargo do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco. Outros três navios tiveram o contrato rescindido pelo próprio estaleiro contratado, a Superpesa, no fim do ano passado. Com isso, a Transpetro prepara uma nova licitação, ainda sem data para ocorrer.
Os navios fazem parte do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), lançado em 2004 e criado para revitalizar e a indústria naval brasileira, parada há décadas, competitiva no mercado internacional.
Segundo a Transpetro, o atraso do primeiro navio (o João Cândido) acarretou ajuste automático nos cronogramas dos navios restantes (21) contratados ao EAS. Além disso, continua a Transpetro, foi necessário priorizar a construção de sete sondas do pré-sal no EAS, a pedido da própria Petrobras.
— Não se pode generalizar problemas empresariais. Mas isso não é um problema do setor. Já os outros estaleiros que participam do Promef, como o Mauá e o STX estão em dia — diz Augusto Mendonça, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav).
Mas a Transpetro está otimista, apesar dos atrasos, pois prevê receber mais três petroleiros este ano: o Zumbi dos Palmares, o Dragão do Mar, ambos do EAS, e o José Alencar, do Mauá.
Segundo especialistas do setor, o EAS enfrentou problemas em sua gestão porque, ao mesmo tempo em que estava sendo construído, iniciou as obras das encomendas dos navios. No ano passado, o EAS enfrentou outro sério problema com a saída da Samsung, seu parceiro tecnológico, que levou à Transpetro a suspender a encomenda de vários petroleiros até que tivessem novo parceiro tecnológico. O EAS, então, fechou acordo com o grupo japonês Ishikawajima-Harima Heavy Industries (IHI) em 2012. A Transpetro informou que está em processo final de negociação com o EAS para definir a entrega dos 12 navios suspensos.
No caso do Mauá, ainda faltam entregar 12 navios à Transpetro. Mas três deles ficarão para 2017, fora do cronograma inicial, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval).
Com o cronograma distante do planejado originalmente, a Transpetro lembrou ainda que está analisando “os processos produtivos dos estaleiros contratados pelo Promef e propondo alternativas para melhoria da produtividade e redução dos prazos”.
Além do EAS e do Mauá, o estaleiro STX, que passará a se chamar Vard no fim deste mês, tem em carteira oito gaseiros, sendo dois previstos para 2014. Segundo Miro Arantes, presidente do STX, a empresa pretende cortar o primeiro aço em junho deste ano no estaleiro que está em fase final de obras em Pernambuco e consumiu investimentos de R$ 350 milhões.
— Como estávamos construindo um estaleiro, decidimos iniciar a construção aqui no Rio. Isso era para evitar atrasos. Hoje, estamos com o cronograma adiantado. Em dezembro vamos ter 800 empregos — disse Miro Arantes.