A previsão era de que a plataforma de petróleo P-74, encomendada pela Petrobras e que será finalizada pelo grupo Estaleiros do Brasil (EBR) em São José do Norte, fosse entregue em dezembro deste ano. No entanto, o presidente do EBR, Mauricio Godoy, revela que está sendo discutida com a estatal uma redefinição quanto ao prazo do contrato. Agora, a perspectiva é que o término da estrutura ocorra em meados de 2016, porém essa projeção ainda precisará ser ratificada.
Godoy ressalta que se trata de uma prorrogação não muito longa, devido a ajustes no projeto, e acrescenta que a obra está sendo desenvolvida em um bom ritmo. O presidente do EBR detalha que o complexo do estaleiro está na sua fase final de construção e, ao mesmo tempo, estão sendo conduzidos trabalhos quanto aos módulos da plataforma. O casco da P-74, que está sendo preparado no Rio de Janeiro, deve chegar ao Estado para a integração da estrutura na metade deste ano.
Atualmente, o estaleiro registra uma mão de obra de cerca de 1,1 mil pessoas. A expectativa é que para as próximas ações na P-74 chegue-se a cerca de 3 mil trabalhadores até outubro. A notícia é animadora para a Metade Sul gaúcha que sofre com as incertezas geradas pela Operação Lava Jato no segmento da indústria de óleo e gás. No caso do estaleiro de São José do Norte, conforme Godoy, o empreendimento “segue forte, com ritmo acelerado”. No entanto, o dirigente informa que a companhia continua investindo no complexo através de recursos próprios. O grupo aguarda pelo financiamento do Fundo da Marinha Mercante. Godoy diz que a empresa vem insistindo na urgência desse empréstimo, porque já foram aportados mais de R$ 400 milhões na iniciativa.
O EBR tem aprovado pelo Fundo da Marinha Mercante, mas ainda não liberado, um financiamento de R$ 280 milhões. Essa foi uma das questões tratadas durante o encontro entre Godoy e o governador José Ivo Sartori, realizado ontem no Palácio Piratini. O secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco, esclarece que o governo gaúcho fará a ligação entre a União e a empresa para tratar do assunto. “É um recurso que dará um fôlego financeiro, principalmente, para (a empresa) se capitalizar de novo e poder cumprir compromissos com fornecedores”, ressalta Branco. O secretário reitera que o financiamento já foi aprovado e o que está se solicitando é agilidade na liberação desse dinheiro. Outro pedido feito pelo EBR é que o Executivo gaúcho auxilie na obtenção da licença de operação definitiva do estaleiro com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Atualmente, o complexo possui uma licença de operação parcial.
Apesar de ainda aguardar o licenciamento definitivo, outro obstáculo que poderia atrapalhar o desenvolvimento do estaleiro em São José do Norte parece que ficou para trás. Recentemente, o grupo Setal (sócio do estaleiro EBR), que estava com o seu cadastro suspenso na Petrobras e implicado na Operação Lava Jato, estava impedido de prestar serviço para a estatal. Contudo, a empresa acertou um acordo de leniência (quando o infrator tem as penalidades atenuadas devido à sua colaboração) com a Justiça. Godoy argumenta que o acordo evitou que o EBR não participasse de futuras licitações.
“Estamos ansiosos por novas oportunidades para dar continuidade ao estaleiro”, frisa. Mas o executivo admite que toda a turbulência no setor de óleo e gás no País ainda demorará para acabar. Godoy afirma que o segmento está confiante quanto ao plano de investimento previsto para a área e no crescimento que se vislumbra. Entretanto, o receio é de que ainda serão enfrentados vários meses de dificuldade pela frente.