Presidente da Petrobras discute soluções para alavancar indústria brasileira com representantes do setor
A Petrobras está comprometida em alavancar e recuperar a indústria nacional, ampliando investimentos em pesquisa, inovação e transição energética, em parceria com os demais agentes do setor de petróleo e gás. O objetivo é impulsionar a economia brasileira, aumentando a geração de empregos e de renda, com o alicerce de uma política de Estado. Esses foram alguns dos destaques da fala do presidente da Petrobras Jean Paul Prates durante a abertura do seminário “Oportunidades para a Indústria Nacional”, promovido pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural), nesta quinta-feira (1/06), na sede da entidade no Rio de Janeiro, que reuniu representantes do setor.
“Estamos saindo de duas fases diametralmente opostas que traumatizaram o setor de petróleo e gás. Aprendidas as lições, precisamos levantar a cabeça e seguir adiante, reabilitar empresas brasileiras experientes, reestruturar nossos estaleiros e voltar a induzir investimentos na indústria nacional”, disse Prates. A companhia está fazendo um amplo mapeamento da situação atual da cadeia produtiva brasileira e das oportunidades que se apresentam. “A Petrobras está gradualmente reabilitando as empresas que cumpriram seus períodos de quarentena punitiva e têm apresentado condições de voltar ao mercado”, complementou ele.
Para se ter ideia, a Petrobras vai investir US$ 78 bilhões no horizonte do seu Plano Estratégico 2023-2027, com previsão de colocar em operação 14 novas plataformas nos próximos cinco anos, multiplicando as oportunidades para a indústria nacional. Nesse movimento, Prates lembrou do desafio da transição energética para o setor. “Transição energética em empresa de petróleo e gás significa se transmutar completamente em pleno movimento. O desafio é multidimensional. Daqui a 30 anos, por exemplo, quantos fornecedores estarão habilitadas para essa transição?”, disse o presidente.
Em sua fala, Prates enfatizou a interdependência entre a Petrobras e a indústria e a necessidade de caminharem juntas para garantir o futuro do setor. “Para onde essas empresas vão e como a gente sinaliza demanda programada, já que somos mutuamente dependentes? Ao diagnosticar e propor a situação da indústria atual, já vamos tentar vaticinar como a gente deve atuar e projetar 40 anos para a frente. Dada a nossa interdependência, se a gente não tiver fornecedor daqui a 30, 40 anos, a gente simplesmente para de produzir”, complementou.
Descomissionamento e destinação verde de plataformas
Também participaram do evento o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos, e o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci. Travassos apresentou um panorama sobre as oportunidades geradas pelo processo de descomissionamento de plataformas operadas pela Petrobras, associadas à política de destinação verde dessas unidades.
“O descomissionamento gera oportunidades para alocação de mão de obra nos estaleiros nacionais e é uma atividade que pode convergir com a construção naval. É muito trabalho que temos pela frente: serão 26 unidades descomissionadas até 2027. E de 2028 a 2029, a previsão é descomissionar outros 27 sistemas. Em paralelo, serão mais de 650 mil toneladas de aço destinadas à reciclagem, reforçando o conceito de economia circular”, disse Travassos.
Além dos executivos da Petrobras e Transpetro, participaram do evento o secretário de Estado de Energia e Economia do Mar do Rio de Janeiro, Hugo Leal (PSD-RJ); o deputado Federal Alexandre Lindenmeyer (PT-RS); os presidentes do IBP, Roberto Ardenghy; da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa; e da Abespetro (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo ), Rodrigo Ribeiro. Também estiveram presentes representantes de estaleiros nacionais e outras entidades do setor como a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) e Onip (Organização Nacional da Indústria do Petróleo).
O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) foi representado por seu presidente, Ariovaldo Rocha, e vice-presidente, Maurício Almeida, que enfatizou a necessidade de uma política de estado para alavancar a indústria. “Nenhum estaleiro quer onerar a Petrobras indevidamente. Mas precisaremos de uma política de Estado para voltar a ser atrativos. Precisamos aprimorar nossas condições tributárias, logísticas, trabalhistas e de acesso a financiamento. Com isso teremos condições de competir com qualquer país”, afirmou Maurício Almeida.
A Abespetro defendeu que a retomada da indústria nacional precisa estar associada à exportação. Para Jean Paul Prates e Roberto Ardenghy, o evento abriu um canal de diálogo para a construção da retomada da indústria nacional.