Indústria naval brasileira mira oportunidades em licitações da Petrobras

  • 10/09/2024

A indústria naval brasileira está de olho nas novas licitações da Petrobras, disse Ariovaldo Rocha, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), à BNamericas.

Entre os interesses estão as oportunidades para a construção de navios de apoio marítimo, FPSOs e petroleiros.

A gigante estatal do petróleo acaba de lançar uma licitação para afretar até 10 navios para recuperação de derramamento de óleo (OSRVs).

O processo envolve a contratação de embarcações construídas em 2024 com conteúdo local mínimo de 40%, alinhado ao objetivo do governo federal de promover a indústria nacional de construção naval offshore.

A licitação segue o processo iniciado em julho pela Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, para afretar quatro navios-tanque do tipo Handy.

Segundo Rocha, os dois processos são importantes para que os estaleiros nacionais voltem a trabalhar após quase 10 anos de atividades de construção praticamente paralisadas.

“Representa, também, a concretização das intenções deste novo governo de promover a recuperação da Indústria Naval e Offshore brasileira, após anos de descaso e abandono”, afirmou ele à BNamericas.

A Transpetro também deve anunciar um complemento de suas encomendas de navios para transporte de petróleo e gás natural, tendo em vista que o programa anunciado prevê a licitação de 25 navios.

“Além disso, deverão ocorrer encomendas, por parte da Petrobras, de módulos para plataformas do tipo FPSO em quantidade e peso maiores que nas encomendas anteriores, como anunciado ao mercado há algum tempo”, acrescentou Rocha.

Ele garantiu que os estaleiros locais têm capacidade para construir navios de apoio marítimo, petroleiros e FPSOs.

A Petrobras tem incentivado parcerias entre estaleiros nacionais e estrangeiros para trazer pelo menos parte da construção de FPSOs ao país.

No entanto, Rocha não acredita que isso seja uma tendência.

“Seria apenas uma condição transitória, enquanto os estaleiros vão se ocupando”, observou o presidente do Sinaval.

Ele disse que, nos últimos anos, os estaleiros brasileiros foram obrigados a diversificar suas atividades, intensificando a realização de reparos navais e até assumindo operações como Terminais de Uso Privado por falta de construções que pudessem ocupar suas plantas industriais.

NAVIOS ‘MAIS VERDES’

De acordo com as regras da licitação, a base de geração de energia das embarcações do tipo OSRV deve ser diesel e elétrica, com conjuntos geradores a diesel dedicados à geração principal de energia. Os geradores principais devem ser capazes de operar com diesel marítimo com conteúdo renovável ou similar.

Além disso, serão aceitos motores que já sejam capazes de operar com diesel marítimo de conteúdo renovável e combustíveis à base de álcool, como etanol e metanol. Nesta última configuração, o combustível fornecido será escolhido pela Petrobras.

Tanto os geradores principais quanto a embarcação como um todo devem ser projetados com a possibilidade de futura conversão para combustíveis à base de álcool.

A embarcação deve ser equipada com um sistema de propulsão híbrido com baterias (sistema de armazenamento de energia), para que possa fornecer energia suficiente para manter a posição do navio por pelo menos 20 minutos no pior caso de falha do sistema de posicionamento dinâmico (DP).

O prazo para a entrega das embarcações varia entre quatro e seis anos, e os contratos têm duração de oito a 10 anos.

Fonte: BNamericas
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